VEREADOR do CHEGA faz executivo adiar apoios financeiros a associações ligadas à imigração

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VEREADOR João Rodrigues dos Santos levou Carlos Carreiras a adiar votação de apoios financeiros

Por VALDEMAR PINHEIRO
25 janeiro 2023 | 21h26

O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, decidiu adiar para a próxima reunião do executivo, a ter lugar a 7 de fevereiro, a votação da atribuição de apoios financeiros a três entidades ligadas a imigrantes, depois de, na última reunião, esta terça-feira, o vereador do Chega, João Rodrigues dos Santos, manifestar-se "baralhado" com aquilo que considerou "parecerem ser filiais de partidos políticos de extrema esquerda".

Em causa estavam as áreas de saúde, solidariedade social e direitos do território, nas quais no seu ponto 30 estava agendada a votação para atribuição de apoios financeiros à Casa do Brasil em Lisboa, à Associação Diáspora Sem Fronteiras e ao Centro Cultural Moldavo no âmbito da rede de acolhimento ao imigrante em Cascais.

Antes da votação, o vereador do Chega pediu a palavra para afirmar que esteve a consultar a atividade, quer da Associação Diáspora Sem Fronteiras, quer da Casa do Brasil em Lisboa e ficou "baralhado com o tipo de entidade que são" e que" a avaliar pela intervenção pública que fazem mais parecem que são filiais de partidos políticos de extrema esquerda a operaram em Portugal do que associações que ajudam ou deviam ajudar verdadeiramente os imigrantes".

João Rodrigues dos Santos acrescentou que "a informação está toda na Internet" e assegurou que "enquanto for vereador nesta Câmara jamais irei avalizar o apoio a qualquer uma destas entidades que desconfio, provavelmente, quem utilizar o dinheiro dos cascalenses para difundirem as suas ideias extremistas e radicais".

No entanto, o foco do vereador do Chega foi a Casa do Brasil em Lisboa, ao afirmar que "quem ajuda os imigrantes, nomeadamente os brasileiros, são as autoridades portuguesas e o respetivo Consulado e não estes extremistas da esquerda política radical, que gostam de viver à conta do trabalho dos outros". 

JOÃO Rodrigues dos Santos exibiu na reunião do executivo posts difundidos pela Casa do Brasil em Lisboa

João Rodrigues dos Santos chegou mesmo a dar exemplos do extremismo, sobretudo da Casa do Brasil com publicações na Net de apoio a Lula da Silva, quando afirma que "é uma associação cívica e apartidária", para além de outras que põem em causa o SEF. "São associações que não respeitam, nem a história, nem as autoridades do País que as acolhem", afirmou o vereador.

Reações

A intervenção do vereador do Chega apanhou completamente de surpresa todo o executivo, incluindo os vereadores do PS, entre os quais Alexandre Faria, que interveio, afirmando que "o mesmo raciocínio aplica-se a todas as associações e organizações que promovam situações de radicalismo de extrema direita". 

ALEXANDRE Faria, vereador do PS

Alexandre Faria aproveitou para deixar o recado de que "porventura, esta Câmara Municipal adotar algo do género, que seja completamente imparcial, quer em relação a uns, quer a outros".

O vereador do PS apelou, ainda, que a votação não fosse adiada, uma vez que estava em causa o trabalho de três entidades.

Também a vereadora da maioria, Carla Semedo, interveio na altura para enaltecer o "trabalho de acolhimento a todos os cidadãos brasileiros, que a Casa do Brasil faz no município". 

CARLA Semedo, vereadora da maioria, enalteceu o trabalho das equipas de acolhimento a imigrantes em Cascais

"Tem sido um trabalho de reconhecido mérito, tantos das entidades que fazem parte da rede de acolhimento dos imigrantes em Cascais e dos cidadãos que aqui temos", assegurou, não sem lembrar que os apoios destinam-se a animadores sócioculturais que constituem uma mais valia na integração dos imigrantes na sociedade.

"Desembaralhar"

"Não vamos votar esta proposta (ponto 30) e ajudar o senhor vereador ( João Rodrigues dos Santos ) a desembaralhar-se", decidiu o chefe do executivo, que apontou a próxima reunião para votação dos apoios financeiros. 

CARLOS Carreiras adiou votação e deixou claro que "se fosse brasileiro tinha votado" em Lula da Silva

Carlos Carreiras, que aproveitou para relembrar que Cascais foi e é um porto de abrigo para imigrantes, pediu entretanto à vereadora Carla Semedo que elabore um relatório sobre a atividade das associações em causa.

Já referindo-se ao apelo da Casa do Brasil no apoio a Lula da Silva, contestado pelo vereador do Chega, Carlos Carreiras garantiu: "Se fosse brasileiro, e não sou de extrema esquerda, tinha votado no atual presidente".









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