OPINIÃO
04 fevereiro 2022 | 18h06 |
As alterações propostas
pela Câmara Municipal de Cascais ao atual Plano Diretor Municipal em vigor
encontram-se neste momento em consulta pública. Uma das medidas propostas pela
Câmara Municipal de Cascais é a alteração do local deste atravessamento da
Linha de Cascais, que se passaria a fazer através do Parque das Gerações.
Esta alteração, ferozmente
defendida por Carlos Carreiras, veio confirmar uma vez mais a habitual
demagogia deste executivo autárquico com repetidas afirmações de que o Parque
das Gerações não será afetado, mas a total ausência de explicações concretas e
definidas sobre o futuro do mesmo.
E o que falta explicar?
Primeiro, falta explicar o
motivo de não se ter respeitado o Plano Diretor Municipal atualmente em vigor,
e se ter procedido, numa política de facto consumado, à transformação do canal (a
conclusão da Circular Nascente a São João do Estoril) destinado a escoar parte
do tráfego da passagem inferior em, numa parte, parque de estacionamento
“gratuito” e, na outra parte, uma extensão do Parque Urbano da Quinta da
Carreira. Carlos Carreiras alega que a passagem inferior é necessária para
salvar vidas, mas não hesitou em transformar parte deste canal em
estacionamento.
Segundo, falta explicar o
motivo de não se fazer a passagem inferior no local previsto. Onde está a
análise técnica e económica que diz que a solução inicialmente prevista deixou
de ser justificável?
Terceiro, falta explicar o
que se pretende fazer exatamente no Parque das Gerações. Onde está o plano para
o atravessamento da linha férrea, qual é o prazo de execução da obra, o que vai
acontecer durante a construção e onde está o plano do que será o Parque das
Gerações no futuro?
Quarto, falta explicar o
plano do famoso túnel por debaixo do Parque das Gerações, tão apregoado e
defendido por Carlos Carreiras, e a “milagrosa” solução técnica que permitirá
fazer o atravessamento em linha reta do lado de terra (conforme o proposto na
alteração do PDM), entre a Marginal e o largo da Igreja, vencendo um desnível
de aproximadamente 15 metros numa distância de apenas 110 metros (14% de inclinação
média...), e mesmo assim respeitar exigências de segurança em termos de traçado
da via e sem afetar o Parque das Gerações.
Quinto, falta explicar
porque se ignora o Orçamento Participativo quando convém, uma vez que tanto a
construção do Parque das Gerações como a sua renovação (entretanto adiada)
foram projetos vencedores do Orçamento Participativo.
Sexto, falta explicar se
há, ou não, considerações políticas e pessoais na decisão de alterar o local da
passagem inferior, nomeadamente a grande aversão deste executivo autárquico por
tudo o que sejam desportos com pranchas (surfistas, ainda se lembram...)
praticados pela juventude de Cascais.
Não é só Carlos Carreiras
que não gosta de dar explicações. A IL Cascais pediu uma reunião com as
Infraestruturas de Portugal para discutir este tema a 11 de janeiro de 2022 e,
até à data, ainda não obteve resposta.
Mais uma vez, temos uma
autarquia que não fala com as populações, que não ouve as suas preocupações,
que não explica, que prefere tudo decidir sozinha. Não é esta “democracia” que
queremos para Cascais.
Outros artigos de MIGUEL BARROS
+Um futuro diferente para Cascais
*Os artigos de opinião publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de Cascais24H
3 comentários:
Como sempre em tudo que envolve decisões deste prolongado executivo autárquico abundam as contradições, desinformações e contra-informações. Onde faltam explicações. Não me alongando muito mais dado já ter contribuído bastante para este peditório elenco alguns factos: 1) Carlos Carreiras sempre foi contra a modernização da linha ferroviária de Cascais, querendo matá-la a partir de S.Pedro do Estoril, de modo a criar um vasto canal para engrossar o imobiliário hoteleiro e residencial; 2) Tal intenção foi expressa publicamente e, tendo chegado a sugerir a criação de um corredor bus na auto-estrada exclusivo para o trânsito proveniente da zona. Aliás, o seu comportamento público acerca da modernização deste eixk ferroviário foi sendo sucessivamente consoante o seu partido estava no poder ou na oposição, de modo a retirar dividendos eleitorais; 3) pretendeu dar uma forte machadada no projecto quando em 2017, por razões eleitorais autárquicas, criou o parqueamento reservado em PDM para a obra da ligação entre os dois lados da linha. Este parqueamento, disse-o na altura, seria provisório; 4) outra machadada foi dada com a construção do chamado parque urbano da Alapraia (com que a população rejubilou por que mal informadada) e assim retirou terreno a uma eventual expansão da Escola Secundária e criação de oarqueamento que servisse os utilizadores do comboio; 5) Agora, com a ofensa ao Parque das Gerações, criou um novo problema que antes não existia; 6) É óbvio que a primeira e última palavra está nas mãos das Infeaestruturas de Portugal, sendo certo que um interesse local e particular (ao lado situa-se a sede da chamada Comissão de Moradores da Quinta da Carreira) terá sempre de ceder o passo ao interesse superior da comunidade. Aliás o mesmo se vai colocar com a construção da nova estação de Cascais e o eixo rodo-ferroviário de mobilidade de ligação ao Cascais Vila (que será demolido), mas que fica ao lado do monstro imobiliário constituídao pelo antigo Jumbo.
Excelente artigo. Carlos Carreiras podia ter usado a página inteira que tem às Quartas-feiras no Jornal i para dar as explicações que se impõem e que estão todas por dar, como tão bem ilustra este artigo. Em vez disso preferiu gastar uma página inteira a insultar munícipes e jornalistas. É a democracia e a verdade a que Cascais tem direito.
Enquanto existirem políticos e órgãos públicos dominando nossas vidas vai ser assim. O político só pensa em ocupar um cargo, e quando consegue, ao ocupar palácios construídos com impostos que nos são tomados, se sente superior a nós.
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