ATUAL
OPERAÇÃO limpeza destruiu estruturas de apoio às hortas |
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22 novembro 2020 |
As hortas, em terreno privado, pelo menos até há dois anos,
existiam desde a década de 80 e, mais recentemente, foram apoiadas por jovens da
denominada associação “Desassociada”, que aí terão investido largas centenas
de euros com estruturas de apoio, que foram agora completamente destruídas.
O município diz que interveio na sequência de queixas de moradores, feitas junto da Polícia Municipal e dos meios digitais da Câmara.
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CÂMARA justifica intervenção por haver lixo na ribeira |
Em causa estariam “reclamações de haver lixo acumulado no
espaço que estava a invadir a ribeira que aí existe”.
“Foram removidas 16 toneladas de lixo”, anunciou o próprio
edil chefe, Carlos Carreiras, reiterando que “os cultivos foram preservados”.
A intervenção camarária, sem aviso prévio, incendiou as
redes sociais e, inclusivamente, houve troca de acusações entre Carlos
Carreiras e alguns dos membros da “Desassociada” no Facebook.
Já na última reunião do executivo e depois de interpelado pelo vereador João Ruivo, do PS, que pediu explicações para a intervenção municipal, sobretudo a destruição de estruturas de apoio às hortas, o chefe do executivo afirmou que “estamos perante campanhas de desinformação”, com “ações populistas radicais” que iremos combater.
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VEREADOR do PS João Ruivo pediu explicações na última reunião do executivo |
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CARLOS Carreiras: “estamos perante campanhas de desinformação”, com “ações populistas radicais” que iremos combater. |
Uma outra fonte municipal, que pediu o anonimato, disse, a
Cascais24, que “por detrás da contestação nas redes sociais está um pequeno
núcleo com uma agenda partidária oculta”.
“Mentiras deliberadas”
Os hortelões, sobretudo os membros da “Desassociada”,
consideram que o município está a “mentir deliberadamente”.
“O presidente da CMC entendeu que o melhor a fazer
seria insultar-nos nas redes sociais, após uma publicação nossa na página da
Desassociada em que criticamos severamente a ação da câmara”, disse, a
Cascais24, Constança Cardoso, membro da “Desassociada”.
“Para além disso”, precisou,”fez uma publicação no Facebook em que mente deliberadamente, dizendo
que a "limpeza" das hortas foi feita com a coordenação dos hortelões
do Vale, o que é simplesmente mentira, uma vez que ninguém tinha conhecimento
de que esta ia acontecer”.
Segundo Constança Cardoso, quem trabalha a terra no vale da amoreira são, maioritariamente, reformados que mantêm as suas hortas desde os anos 80. Muitos deles recebem reformas de 600€ e as hortas são uma grande ajuda em termos económicos”.
“Mas para estas pessoas, as suas hortas representam também a possibilidade de se manterem ativos e de manterem um núcleo de convívio diário”, acrescentou Constança Cardoso, segundo a qual “nenhum deles recebeu qualquer tipo de aviso do que ia acontecer”.
HORTELÕES garantem que não houve qualquer "aviso prévio" |
“A Câmara Municipal de Cascais interveio em, pelo menos, 6 hortas, incluindo a nossa. É possível, no entanto, que o número seja superior. Todas estas hortas tinham cabanas construídas à mão por quem nestas trabalhava e todas foram destruídas. Grande parte do que estava guardado dentro delas ficou também danificada. Outras estruturas de apoio foram atiradas para um monte de entulho”, acusa, ainda, Constança Cardoso.
Recuperar um OP que não vingou
A requalificação do
Vale da Amoreira e, sobretudo, do espaço onde existem as hortas urbanas desde
os anos 80 e que agora foi alvo de intervenção municipal, fez parte de um
projeto do Orçamento Participativo (OP48) do ano passado, que não obteve os
votos (pouco mais de mil) para ser aprovado.
O projeto, orçado em 180 mil euros, visava a construção de um espaço verde, de estrutura simples, que servisse de área de lazer e de recreio infantil.
Já nesta altura e, embora marginalizada, a “Desassociada” tinha manifestado interesse em participar na requalificação.
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FACEBOOK na sua página pessoal o edil chefe de Cascais fala em anarquismo |
“A responsável por este projeto (Isabel Xavier) contatou-nos depois de ter sabido da nossa indignação nas redes sociais perante este OP48”, revelou Constança Cardoso.
“Disse-nos que não queria excluir ninguém do projeto, antes pelo contrário. Assim sendo, respondemos ao seu email dizendo que estaríamos interessados em formar uma parceria no futuro, caso o projeto fosse para a frente, de modo a estarmos incluídos, mas após este nosso email não houve qualquer outra tentativa de contato”, precisou Constança Cardoso.
E, concluiu: “Não só o nosso desejo de
inclusão no projeto foi totalmente desrespeitado, como, mesmo a CMC tendo
acesso ao nosso contato, não nos avisou que ia agora intervir no espaço".
Entretanto, o município assegura que, apesar do OP48 não ter ganho, o projeto será recuperado para o Vale da Amoreira e os “hortelões serão envolvidos no processo de atribuição de talhões”.
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