Era uma vez uma Quinta que era Verde

Opinião



Importa parabenizar o movimento Independentes de Carcavelos e Parede pela organização da manifestação, no último fim-de-semana, contra a mega construção na Quinta dos Ingleses. À chuva, mais de 100 pessoas, a título individual ou coletivo, manifestaram-se contra a construção desmesurada nesta área com mais de 50 hectares.

Contextualizando: sabemos, sim, que os terrenos são privados. Contudo, foi através do Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos-Sul, comummente chamado de PPERUCS, que a sua construção desmesurada foi validada. Mas então o que aconteceu na reunião de Assembleia Municipal de 27 de Maio de 2014? 

É que a validação deste projeto foi desempatado, por apenas um voto, pela então Presidente de Junta de Cascais e Parede, Zita Costa Silva, contra a vontade dos Cascalenses da freguesia. Mais: no seguimento, não foi tida nenhuma negociação aprofundada para garantir que existisse uma maior área verde e de acesso público, tal como uma menor área de construção e especialmente volumetria. 

Esta negociação poderia garantir não só os direitos de investidores privados mas sobretudo a vontade e direito de acesso público de todos os Cascalenses ao litoral já de si super urbanizado.

Reafirmamos que a massificação urbanística de Cascais, mais precisamente Carcavelos e Parede, já toma forma com a mais recente edificação na costa da praia de Carcavelos: a Nova School of Business and Economics, que ocupa 10.000 metros quadrados. Estes empreendimentos consubstanciam uma privatização direta da costa e reforçam a gentrificação no município tal como a apoiam a especulação imobiliária na freguesia. Aliás, este investimento é claro pelos documentos partilhados pelo executivo municipal. 

Então o que se deseja? Não só no caso da Quinta dos Ingleses mas em todo o concelho, deseja-se que sejam ouvidos os cidadãos, de modo extensivo e aberto, que sejam consideradas alterações nos projetos para diminuir a volumetria e que sejam também expandidas as áreas verdes públicas, e que não se dinamize a destruição e privatização do litoral. 

Sim, sabemos que existe uma maioria absoluta na Assembleia Municipal mas também sabemos da importância de ouvir as populações, como foi exemplo recente pelo movimento cívico da Rua Fernando Pó, em São Domingos de Rana.

Aqui houve a possibilidade de garantir que fossem incluídos os interesses de privados, do município mas sobretudo dos moradores da Fernando Pó. Haja mais mobilização, haja mais cidadania. Juntos podemos e faremos melhor por Cascais.



*DEPUTADA MUNICIPAL DO PAN

Outros artigos de SANDRA MARQUES

Forte de Santo António da Barra: Reconhecer valor a uma memória 
Pombos: quando passou o simbolo da Paz a inimigo de Guerra? 
Vigilantes da Natureza: Das Pedras de David aos Rochedos de Golias 
Quando a sociedade te diz para saltares sem te amparar a queda 
UMA MAIORIA DE BETÃO 
CASCAIS: DAS ESCOLHAS INDIVIDUAIS ÀS POLITICAS CLIMÁTICAS LOCAIS 
CASCAIS CHRISTMAS VILLAGE: O NATAL DE ALGUNS À CUSTA DE TODOS 
QUANTO VALE UM MORADOR? E CENTENAS DE MORADORES?
Entre a paragem e a escola venha o Orçamento Participativo e escolha 
A pegada é maior que o pé 
Depois dos incêndios: a regeneração 
A afirmação de uma política empática

Imprimir

3 comentários:

Anónimo disse...

A indignação e revolta das populações contra a mega construção na Quinta dos Ingleses, associada à petição online para a Assembleia da República,constitui moção de censura ao presidente da Câmara que anda desaparecido das suas funções.

ABem de Cascais

Anónimo disse...

De acordo com o exposto.
Não só não anda desaparecido, como também inicialmente concordava com a protecção à area da Quinta dos Ingleses, e agora tem uma posição oposta ... porquê será ? não deve explicações aos municipes ? não foi eleito para liderar e servir ? Já reagiu a esta moção de censura ? ou espera assentar a poeira para aparecer em público ? caso seja este último , pois que se demita, Cascais precisa de coluna vertebral .

JD disse...

Será Interessante tomar em consideração, que este projecto tem sido apontado como que estribado em pareceres técnicos favoráveis.
Todavia, a lei manda que o empreendedor/promotor apresente os estudos necessários, designadamente do ponto de vista ambiental. Que rico paradoxo este que resulta das leis feitas para servirem os poderosos e enganarem os cidadãos, pois a encomenda de um estudo está normalmente marcada pelas conclusões pretendidas por quem o requisita.
Ontem, sábado,participei numa reunião da cidadania que pretende desmontar este truque manhoso, pois como referiu um dos participantes, é como colocar uma raposa a cuidar de um galinheiro.
Também foi referido (e já vi publicado) há estudos cujas conclusões se opõem às que o município apresenta como suporte da maga-construção.
Assim, o mínimo que deve ser exigido, parece dever ser, a suspensão do projecto, a estipulação de umprazo para debate público em igualdade de oportunidades (o jornal "C" deverá ser distribuído em número correspondente ao das grandes emissões) permitindo que em igual número de espaços as duas posições sejam postas a cotejo, para que em seguida sejam escrutinadas em referendo.
Por outro lado, a questão desdobra-se por muitas variantes, de que se deve destacar: o aumento do trânsito rodoviário sem a adequação das vias; esforçado aumento das redes de distribuição de água e luz, bem como a rede de saneamento básico, obras que demorarão muitos meses, com os inconvenientes da pó, lama interrupção de comunicações, e outros como dificuldades para o cumprimento de horários laborais e para frequência escoar, condições e soluções que não constam dos estudos encomendados.
Parece, pois, que nenhum habitante ou trabalhador dos concelhos limítrofes que quotidianamente se deslocam na região, e que dela dependem, vão ter que fazer um intervalo por prazo indeterminado, mas necessariamente longo, na qualidade de vida que tem sido factor de atracção para nacionais e estrangeiros.
À consideração dos leitores.

Publicação em destaque

CÂMARA altera percursos e horários em 14 autocarros municipais

São 14 os autocarros municipais que vão sofrer, a partir de este sábado, dia 1 de abril, algumas alterações nos percursos e nos horários. As...

FOI NOTICIA

UM JORNAL QUE MARCA A DIFERENÇA

UM JORNAL QUE MARCA A DIFERENÇA