Opinião
Neste
País, à beira mar plantado, não tenhamos quaisquer dúvidas que 99% dos
inquéritos institucionais levantados para averiguar isto ou aquilo, grave ou
menos grave, acabam, invariavelmente arquivados. Sinceramente, tenho muita
dificuldade em perceber, eu e, certamente, alguns milhões de portugueses, o
porquê da existência dos inquéritos quando, à partida e, salvam-se raríssimas
exceções, a culpa morre sempre solteira! Os inquéritos têm servido neste País
apenas para preencher um requisito burocrático, porque a lei a eles obriga. Nada
mais! Sejamos honestos! Deixemo-nos de hipocrisias!
Vem
isto a propósito da conclusão a que chegou a insuspeita Inspeção Geral das
Atividades em Saúde relativamente ao inquérito sobre o surto de sarampo, na
Primavera passada, no Hospital de Cascais, que veio a culminar na morte de uma
adolescente depois de transferida para outra unidade hospitalar, em Lisboa.
Seis meses de averiguações concluíram que não houve negligência e, antes pelo
contrário, o hospital até foi “eficaz a controlar a infeção”. Inquérito
arquivado e ponto final.
Mas
será assim? É que o inquérito parece ser omisso quanto ao espaço temporal que
mediou entre a deteção da infeção hospitalar e o diagnóstico aos infetados,
sobretudo no que diz respeito - e esta é a principal questão - à adolescente de apenas 17 anos que veio a falecer. Será, porventura, uma questão secundária e pouco interessante? Pois,
parece que sim!
E
que ninguém ponha em causa este inquérito! Até porque, se por um lado estamos a
falar de inspetores acima de qualquer suspeita, que servem uma instituição,
como a IGAS, também ela acima de qualquer suspeita, por outro estamos a falar de
uma unidade hospitalar de “Excelência” que, qualquer dia, até é capaz de ter de
abrir uma outra unidade, não para cuidar dos doentes, mas para lá colocar, em
museu, os prémios de qualidade e de assistência com que tem sido distinguida nos
últimos anos por distintas e também insuspeitas instituições nacionais e internacionais…
Com
o devido respeito por todos os profissionais de saúde, sem exceção, que lá
trabalham, e eu conheço alguns que, diariamente e com grande profissionalismo, muitas
das vezes com sérias dificuldades, procuram dar o seu melhor, que é Salvar Vidas!
Até ao próximo Editorial, despeço-me com Amizade.
Sem comentários:
Enviar um comentário