Opinião
Carlos Carreiras propõe-se
fazer uma apresentação pública esta quinta-feira do projeto de construção de um
“Jewish Life and Learning Centre” (um local de ensino e culto) da Associação
Chabad no terreno municipal que mais de 1.500 moradores e frequentadores da
Costa da Guia pretendem que seja mantido como espaço verde, público e de
fruição geral.
Carlos Carreiras apresentará
seguramente o projeto como um marco que assinala a tolerância e o acolhimento
de outras religiões no concelho e tecerá louvores à Associação Chabad e à sua
intenção de criar, na Costa da Guia, um centro de cultura judaico, aberto à
população, e uma biblioteca que tem até alegadas preciosidades literárias.
Aproveitará provavelmente a ocasião para falar da abertura de Cascais a outros
povos e religiões e criticar (ainda que veladamente) todos quanto se opuseram
ou se opuserem ao projeto – como tem feito, acusando-os de populismo,
demagogia, intolerância, xenofobia e anti-semitismo.
Carlos Carreiras decidiu
também recentemente “revogar” a deliberação da Assembleia Municipal que
decidira (em 2016) a venda por 275.000 mil euros a uma associação da Igreja
Ortodoxa Russa de um outro terreno com 1/3 da área do da Costa da Guia. Em seu
lugar, decidiu ceder, por 50 anos renováveis, e por uma renda mensal simbólica,
o mesmo terreno junto ao Bairro dos Pescadores. Claramente, fê-lo agora para
tentar evitar a crítica de beneficiar incomparavelmente a Associação judaica face
às outras religiões. Com efeito, de outra forma não se percebe porque se
lembraria disso um ano e meio depois de ter decidido vendê-lo. Tarde demais,
pois.
Estas atitudes do Presidente
da CMC só demonstram como este executivo tenta cobrir os erros com erros
maiores: primeiro cedeu à Associação Chabad um terreno de 5.000 m2 numa área
verde há dezenas de anos reclamada pelos moradores para alargamento e
preservação da área verde da Costa da Guia; depois, perante a contestação,
acusou moradores e opositores da cedência de serem xenófobos e radicais; agora
cede a troco de quase nada outro terreno que decidira vender anteriormente,
tentando “tapar com uma peneira” a evidência do tratamento de benefício
concedido à Associação Chabad. Vamos ver como reagirá quando as associações de
todos os outros credos começarem a solicitar um tratamento idêntico. Salvá-lo-á
talvez o facto de, entretanto, já não haver mais 1 metro quadrado disponível
para construção em Cascais!...
Recorde-se que, no tempo de
António Capucho (e sendo Carreiras Vice-presidente da CMC), a construção de
instalações da Igreja Católica no terreno da Costa da Guia foi travada após a
contestação dos moradores. Outros tempos, em que o interesse público era, de
facto, compreendido por um Presidente da Câmara.
Mas, de tudo isto, o que
resulta mais escandaloso é o facto de, na ponderação dos vários interesses em
presença, o Presidente da CMC dar preferência a uma associação de fora do
concelho e com (que se saiba) um número reduzido de associados face aos desejos
históricos da população da zona com o argumento lateral de que a mesma trará
mais investimento para o concelho; uma preferência que vai ao ponto de o levar
a afirmar que até havia terrenos alternativos mas que não cede por causa da
“politização” que a questão sofreu, como, aparentemente, terá afirmado
recentemente numa outra cerimónia. Ou seja, para o Presidente da CMC a
contestação da população é encarada não como a defesa natural dos seus
interesses (designadamente ambientais) mas como um ataque político que tem que
vencer à viva força, esquecendo-se dos efeitos negativos que isso provocará na
relação da Associação Chabad com a comunidade local. O que significa que, em
vez de procurar garantir a harmonia entre os eleitores e aquela Associação, o
Presidente se preocupa mais com um “finca-pé” político que danificará as
relações e o acolhimento de outras religiões que diz serem o fundamento da
cedência do terreno nas condições excecionais em que o foi (744€/mês numa das
zonas mais caras de Cascais, isto é, c. de 14 cêntimos por metro quadrado) e
com o putativo investimento.
Onde está, afinal, o interesse
público? E que investimento é esse que justifica não mudar a localização do
futuro “Jewish Life and Learning Centre”? Ou estará o Presidente da CMC apenas
a ser gentil para o Rabi que mora a 300 metros do terreno? E porquê?
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A farsa do Orçamento Participativo
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Cascais, terra de pescadores?
Adeus, Monte Estoril! Adeus, Cascais!
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4 comentários:
Parece-me evidente que o senhor presidente tem de fazer uma reflexão sobre se ainda tem condições para liderar o concelho .
Foi eleito para servir os municipes, e não para criar conflitos e divisões entre os mesmos ... não precisamos disto em CASCAIS .
Senão tem capacidade para o diálogo ou consensos que se demita , ou então emigre para o paralelo 39 ( Coreia do Norte ) onde seguramente será bem recebido .
Para se perceber a ideologia de quem lidera actualmente o elenco municipal, basta ver o que semanalmente emite o jornal I .
Ideias neoliberais, menos estado , descentralização , imposição de ideias e conceitos ultrapassados , não liderando para as pessoas ... isto é igual ao tempo do último lider do PSD , que toda a gente conhece as politicas de austeridade, em que até os mais pobres, eram penalizados por medidas supostamente em proveito do País ... só ideologia retrógoda .
A actual maioria de esquerda demonstrou que, com outra politica devidamente sustentada no consumo e nas exportações, é possivel governar bem e amortizar divida, não esquecendo os que foram negligenciados por outros, repondo direitos adquiridos .
Que chegue depressa a CASCAIS a nova ideologia, que lidera para as pessoas, que promove consensos e esteja na órbita do poder, para podermos beneficiar do desenvolvimento que Cascais necessita , e não de medidas avulsas , e investimento privado, que em nada promove o bem público e a qualidade de vidas das pessoas .
Devemos ser parte activa e não isolada da area metropolitana de Lisboa, e beneficiarmos das sinergias de outros concelhos limitrofes, alicerçados na Associação Nacional de Municipios, garante de todos estes conceitos .
A BEM DE CASCAIS
Pedro Jordão. Apenas mais um, sem talento, aspirante a político profissional.
De facto o que existe no concelho é muito pobre em termos politicos tanto na liderança como na oposição dai o elevado absentismo. Por isso proliferam movimentos civicos desprovidos de interesses para inovar, corrigir e supostamente liderar o que outros não conseguem . Os ditos profissionais ainda nao perceberam ou querem perceber que é uma questao de tempo, que teem que procurar outros talentos para trabalhar de facto na vida , sem ser a conta do contribuinte
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