Opinião
Esta sexta-feira, na 24.º reunião extraordinária do executivo, foi apresentado e aprovado, com o
nosso voto contra, o orçamento municipal de Cascais para 2018. E este
foi um momento legal e infeliz que marca de forma muito pragmática o
futuro próximo da vida neste concelho.
Legal
porque, ao abrigo da Lei, o orçamento agora aprovado cumpre
necessariamente todos os quesitos a que está obrigado. E infeliz porque,
para além de plasmar uma opção de governação que condena Cascais a uma
posição de suburbanidade no contexto da Área Metropolitana de Lisboa,
foi preparado, discutido e aprovado sem ter em conta a vontade, as
opções, a sensibilidade, os interesses, as aspirações ou as sugestões
dos Cascalenses.
Nas
eleições autárquicas que decorreram no passado mês de Outubro, o
Partido Socialista, num acto de reconhecida generosidade e de abertura
democrática, integrou nas suas listas cinco Cascalenses independentes
que foram eleitos para a Vereação e para a Assembleia Municipal.
Mas
de acordo com a Lei, a proposta de orçamento elaborado pelo executivo
(note-se que o orçamento é o documento basilar que vai definir a
governação municipal ao longo do próximo ano), deve ser apresentada,
explicada e discutida unicamente com os partidos da oposição, que têm
assim a possibilidade de apresentar propostas e ideias alternativas.
Os
independentes, eleitos pelos votos dos Cascalenses e que assumiram os
seus lugares em representação dos mesmos, não só não estão presentes
nessas reuniões como, na prática, estão condenados a simplesmente votar,
em reunião de Câmara, a proposta final que o Executivo decide
apresentar, não podendo questionar, discutir e/ou apresentar propostas
alternativas que representem a vontade de quem os elegeu em Cascais…
Em
suma, o orçamento para Cascais que hoje foi apresentado e aprovado com o
nosso voto contra, não contempla a vontade de Cascais e impede o
concelho de se assumir com identidade própria no contexto regional,
nacional e internacional.
E
é pena. Porque as medidas concretas que gostaríamos que este documento
contemplasse, nomeadamente ao nível da educação, da saúde, da
mobilidade, do ambiente, do património, da segurança, das actividades
económicas e do turismo, em muito contribuiriam para reforçar a
Identidade Municipal, diminuindo de forma drástica as clivagens entre o
litoral charmoso e cosmopolita que temos, e o interior descaracterizado e
degradado que marca este município.
Num
Concelho com uma taxa de abstenção altíssima nos actos eleitorais que
vamos tendo, seria importante que os partidos políticos fossem capazes
de repensar esta sua incapacidade de integrar Cascais e os Cascalenses
nas suas decisões e projectos. Mas está visto que não têm interesse em
fazê-lo.
*Vereador Independente
*Vereador Independente
Ler outros artigos de JOÃO ANÍBAL HENRIQUES
*Propostas clandestinas para Cascais
*Dois Cascais diferentes
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3 comentários:
Caro João Anibal Henriques ,
Não vale a pena perder tempo com estes senhores .
Repensar e ter capacidade de integrar Cascais e os Cascalenses nos suas decisões e projectos não existe em Cascais num regime autocrático .
Em politica a coluna vertebral não existe, e veja-se a questão do PAN que solicitou verbas para contratação de asesores conforme previsto no regime juridico autarquias locais , estatuido no lei 75/2013 .... a resposta de um iluminado foi que não se comprava votos no citado concelho ....por analogia veja a construção do novo parque de estacionamento do Alto da Castelhana -Alcabideche / Cascais , obra da Cascais Próxima , com inicio em Junho 2017, que revoltou os moradores com várias queixa na tutela e orgaos de comunicação social , sobre actuação do empreteiro ao serviço da edilidade ,ausência tomada de medidas ambientais em zona residencial , lei do ruido aprovada pela Câmara Municipal no periodo das 08-00 -24 horas incluindo fins de semana ,com manifesto desrespeito pelos moradores , mas que, alegadamente tinha a concordância de uma suposta comissão de moradores local , que nada representa ou se conhece , e/ou nos últimos cinco anos não apresentou qualquer projecto inovador,de mobilização ou agregação, do conhecimento dos municipes locais ... pois bem, esta dita associaçaõ foi contemplada com uma sede inserida num jardim público ... como será tudo isto possivel ?
O dito parque de estacionamento, decorridos mais de seis mesmes depois do inicio , ainda nem sequer está pronto ou inaugurado , desconhecendo-se os custos reais , assim como o layout final .
Assim se faz politica em Cascais... show off quanto baste... com o dinheiro dos outros , em que a opinião das pessoas não conta .
A BEM DE CASCAIS
Diz vc: "seria importante que os partidos políticos fossem capazes de repensar esta sua incapacidade de integrar Cascais e os Cascalenses nas suas decisões e projectos. Mas está visto que não têm interesse em fazê-lo."
Mas afinal vc é ou não vereador de um partido (PS).?
Há gente que ainda não percebeu que ventos do paralelo 39 sopram em Cascais.... porventura terá que se jogar de igual forma .... aconselho o Sr. deputado do PS , a perguntar pelo processo que se encontra no Ministério Público , sobre desobidiência qualificada à Comissão Nacional de Eleições, movido por partidos e cidadãos de Cascais ... para quando o desenlace desde processo ? seria importante obter certidão do mesmo ...
Bom trabalho , na pseudo casa da Democracia em Cascais .
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