opinião
Anualmente
a Câmara Municipal de Cascais aloca 1.5 milhões de euros, dos impostos de todos
nós, para projectos participativos que visam melhorar, na perspectiva dos
Cascalenses, o município. Sendo que o valor máximo para cada um é de 300.000 euros,
e não havendo obrigatoriedade de se atingir este valor, concretiza-se a
possibilidade de vários projectos obterem este financiamento municipal. Este
processo de participação cívico tem uma componente muito relevante pois garante
uma gestão mais integrada dos cidadãos no seu município mas, sobretudo, porque
nos alerta para as necessidades diárias, muitas delas crónicas, da nossa
comunidade.
Actualmente,
o Orçamento Participativo (OP) de Cascais, tem uma lista, que pode e deve ser
consultada no site da Cascais Participa, com 36 propostas divididas em áreas
como Saúde, Mobilidade, Acessibilidade, entre outras.
Analisando-a
compreendemos que as maiores solicitações encontram-se nas áreas “Desporto” e “Espaços
Escolares”, 11 e 6 projectos, respectivamente. Esta tendência verifica-se nos OPs
anteriores. Desde ampliações de cantinas, remoções de amianto, instalação de
coberturas, melhoramento de espaços desportivos, etc, verificamos que as
necessidades, apontadas e vividas pelos Cascalenses, passam muito por
insuficiências em instituições públicas de carácter básico. Neste caso ligadas
à Educação.
Pese
embora saibamos que existem investimentos municipais na Educação, e que muitas
competências decorrem do Ministério da Educação, o executivo, que perdura faz
vários mandatos, continua a não investir substancialmente numa área que para
todos nós é, ou deveria, ser prioritária. O acesso universal e de qualidade à
Educação pública. Sabendo que cada cidadão é livre de escolher onde coloca os
seus filhos e filhas, seja no público, seja no privado, é imperativo que exista
mais envolvimento do município em garantir que estes recursos, meios e
ferramentas existam a priori em
escolas e instituições públicas, de e para todos nós, e não tenham que ser
exigidas através de um OP.
Não
querendo, com isto, desvalorizar os projectos que participam a maior parte
deles são da responsabilidade do executivo que devia por outras vias sanar
estas necessidades.
Também
relativo ao OP existe uma nota que creio ser importante e que nos mostra o quão
afastado está o município da teoria e da prática do que é o bem-estar e a
protecção animal. Se verificarmos a lista o OP29 proposto para “Controlo de
natalidade de pombos/pombal, em São Domingos de Rana”, está integrado na
categoria, pasme-se, “Saneamento e Higiene Urbana”. É preciso dizer algo mais?
Mais
estranho, é haver a possibilidade de se votar negativamente num projecto. Qual
o objectivo prático deste voto? E o seu impacto social? Qualquer OP tem o
objectivo máximo de aproximar positivamente os cidadãos e as cidadãs às políticas
públicas, não o inverso.
Por
fim deixo o repto: Conseguirão os projectos sem dotação neste OP ser
concretizados pelo município a posteriori?
Veremos!
*Deputada Municipal do PAN
Leia outros artigos de SANDRA MARQUES
A pegada é maior que o pé
*Depois dos incêndios: a regeneração
*A afirmação de uma política empática
*Deputada Municipal do PAN
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