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18 janeiro 2019 |
Celestino Paradanta, um idoso
de 70 anos (sobre)vive há largos meses no seu automóvel atolado de sacos com
roupas e outros pertences, no estacionamento do supermercado Minipreço, em São
Domingos de Rana.
“Fui expulso da minha própria casa, uma moradia com oito assoalhadas, a cinco minutos daqui”, começa por contar a Cascais24.
Natural de Castelo Branco e a viver em São Domingos de Rana há mais de 40 anos, Celestino Paradanta diz que “as três pessoas que eu pus lá em casa, por caridade, puseram-me na rua”.
As três pessoas, segundo o idoso, são uma mulher, mais nova do que ele dez anos, e os dois filhos, na casa dos 20 anos.
“Conheci a mulher no comboio, há mais de dez anos, e porque tinha necessidades de habitação com os dois filhos, meti-os lá em casa”, explica, acrescentando que “nunca pagaram renda sequer e a carta de condução dos rapazes fui eu que paguei”.
“Uma grande mentira”
Celestino recusa-se a
reconhecer e/ou a assumir uma eventual relação com a mulher que “meteu lá em
casa com os dois filhos” e, aos poucos na conversa com o jornalista, revela
que, afinal, a alegada “expulsão” não foi mais do que um afastamento decretado
judicialmente.
“Ela um dia, em 2013, auto
mutilou-se, auto flagelou-se e depois acusou-me de violência doméstica, que eu
a tinha agredido, mas não passou tudo de uma grande mentira para alcançar o
objetivo, que era afastar-me da minha própria habitação”, conta Celestino
Paradanta.“Escreva ai que fui vítima de uma grande injustiça”, adianta o idoso, que depois de afastado de casa, esteve três anos a viver no quarto de casa de familiares, em Lisboa, de onde, curiosamente, também acabou por ser “expulso”. Não explica os motivos.
Foi, desde então, que optou por transformar o seu automóvel em “habitação improvisada”.
Um homem reservado
Celestino Paradanta é um homem
muito reservado. Na noite gélida em que falou com Cascais24 recusou-se a responder
a algumas questões.
Escusou-se, nomeadamente, a revelar qual a sua profissão antes de obter a reforma e a precisar quanto recebe.
“É o suficiente para viver”,
remata, sem mais pormenores. “O que é importante é que fui vítima de uma grande
mentira e de uma grande injustiça”, insiste no diálogo com o jornalista.
Ao que parece, as reservas de Celestino Paradanta mantiveram-se, também, com “as três senhoras da Segurança Social” que, há dias, foram falar com ele. “Vieram aqui porque fica bem. Só conversa”, lamentou.
“Vigilante” improvisado
A presença de Celestino Paradanta
no estacionamento do Minipreço tem suscitado a curiosidade de muita gente,
sobretudo pelo “espetáculo” que as dezenas de sacos amontoados dentro e fora do
veículo representam e pelo cartaz colocado no para-brisa, onde apela à “solidariedade”
de alguém que lhe consiga, pelo menos um quartito.
Os responsáveis pelo próprio
Minipreço, onde Celestino costuma abastecer-se no que toca a alimentação,
também não veem a sua permanência com muito “bons olhos”, mas lá o vão deixando
ficar, até porque, sobretudo durante a noite, “ele até acaba por, gratuita e
improvisamente, funcionar como uma espécie de vigilante, atento aos movimentos
suspeitos”.
Entretanto, segundo Cascais24 apurou, a odisseia de Celestino Paradanta pode terminar em maio próximo, com a extinção da medida de afastamento da habitação.
1 comentário:
Com o intuito de contribuir para o melhor esclarecimento desta situação, partilho que a Câmara Municipal de Cascais, a Junta de Freguesia de São Domingos de Rana, a Segurança Social e a Unidade de Saúde Publica do ACES de Cascais tudo fizeram e continuam a fazer para tentar ajudar o Sr. Celestino Paradanta.
A questão é que o Sr. Celestino recusa todas as ajudas, inclusive a cedência de casa.
O Sr. Celestino residente no Bairro Além das Vinhas, devido à prática do crime público de violência doméstica, foi em 2015 condenado pelo Tribunal a uma medida de afastamento da sua residência por 4 anos, até maio de 2019.
O Sr. Celestino é reformado da profissão de enfermeiro e tem uma reforma superior a € 1.000 mês.
Como referido anteriormente, já foram disponibilizadas todo o tipo de ajudas ao Sr. Celestino, que as recusa peremptoriamente.
O Sr. Celestino afirma que não sai do local onde se encontra até maio de 2019, momento em que termina a pena decretada pelo Tribunal.
As entidades públicas acima referidas, continuam diariamente disponíveis para conceder as ajudas que o Sr. Celestino tem recusado até ao momento.
Frederico Almeida
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