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04 novembro 2018 |
Considerando que a prevenção de
doenças e a melhoria das condições de saúde e bem-estar dependerão sempre da
adoção de estilos de vida saudáveis por parte das pessoas, e que o resultado do
combate a comportamentos de risco e da aquisição de competências e conhecimentos
sobre a alimentação devem ser adquiridos o mais precocemente possível –
ocorrendo esta aquisição de conhecimentos muitas vezes na escola mas também
lares e centros de dia –, sabemos que uma alimentação saudável e equilibrada é
um fator determinante para ganhos em saúde, na economia e no bem-estar
societal.
É comum ouvirmos que “a saúde começa
no prato”, que “somos o que comemos” e nesta sociedade de consumo imediato, o
ato de nos nutrirmos com bens de qualidade tem vindo a ser cada vez mais negligenciado,
podendo falar-se hoje na existência de uma verdadeira iliteracia nutricional,
que vai desde a dificuldade/desinteresse em perceber a informação constante nos
rótulos à desinformação sobre o aporte nutricional diário.
Sabemos que muitas das doenças de
hoje – como sejam as doenças cardiovasculares, alguns tipos de cancro,
hipertensão ou diabetes – estão diretamente ligadas a uma má alimentação e à
ingestão de produtos carcinogénicos como as carnes vermelhas e os produtos
processados, conforme alertou a Organização Mundial de Saúde (SNS).
O problema da obesidade infantil tem
vindo, também, a apresentar valores crescentes e preocupantes em Portugal.
Segundo o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015-2016, 25% das
crianças e 32,3% dos adolescentes tem excesso de peso ou obesidade. Além disso,
69% das crianças e 66% dos adolescentes não consome a quantidade de fruta e
hortícolas que é recomendada pela Organização Mundial da Saúde.
Estes dados mostram que existem,
naturalmente, consequências, desde logo para o bem-estar físico e psíquico da
população, mas também para a economia, uma vez que a obtenção de saúde faz-se
cada vez mais à custa de um orçamento do Estado já de si fortemente esmagado e
que vai ficando, de ano para ano, cada vez mais curto para fazer face à
necessidade crescente de mais unidades hospitalares, de mais profissionais de
saúde e de mais medicamentos no Serviço Nacional de Saúde.
A nível nacional, o PAN tem
trabalhado ativamente para melhorar a alimentação das nossas crianças tendo recomendado ao Governo o reforço de nutricionistas para a
Escola Pública, por forma a permitir a fiscalização efetiva das ementas,
garantindo uma maior qualidade nas refeições escolares.
Sabemos que as escolas a cargo da gestão municipal já contam com os serviços de
nutricionista no que diz respeito à alimentação coletiva das crianças e que
existe todo um esforço do executivo, para a melhoria da alimentação nas
escolas. Mais importa referir a vigilância e o acompanhamento caso a caso as
crianças em risco nutricional, visando o planeamento de ações específicas para
cada uma. Este trabalho pode também ser enquadrado no âmbito do Gabinete de
Nutrição.
Também os nossos idosos carecem de
atenção nutricional pois segundo o projeto PEN-3S
- Estado nutricional dos idosos Portugueses: Estudo de prevalência nacional e
construção de um sistema de vigilância efetuado pela
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, os idosos não estão a ter uma
alimentação adequada o que preocupa a ordem dos nutricionistas. Estima-se que a
prevalência de malnutrição (em particular da desnutrição e da obesidade) seja
elevada entre idosos, com alguns estudos a apontarem para prevalências de risco
de desnutrição, em lares de idosos, na ordem dos 85%. No Parlamento, o PAN tem
trabalhado ativamente para melhorar esta realidade tendo recomendado ao Governo a presença obrigatória de
nutricionistas nas instituições que prestam cuidados a idosos.
Não obstante as medidas que devem ser tomadas a nível nacional os municípios
podem, por si, dispor de ferramentas que ajudem as populações locais.
Neste sentido, o PAN levou a 29 de
Outubro à Assembleia Municipal uma recomendação com vista à possibilidade
(estudo) de criação do Gabinete de Nutrição e da Figura do Nutricionista
Municipal que desceu à comissão para ser debatida e analisada voltando
posteriormente à Assembleia para ser votada.
O Gabinete Municipal de Nutrição,
coordenado por um/a Nutricionista Municipal, deverá ser capaz de disponibilizar
à população, através de palestras, sessões de esclarecimento e de
sensibilização, conhecimentos práticos que alterem positivamente os hábitos
alimentares dos munícipes, fazendo uma aposta forte na educação, designadamente
através da disponibilização a todos os munícipes, com especial enfoque nos mais
jovens, de informação nutricional rigorosa e de qualidade. Nestes, deverá ser
incluída informação sobre dietas específicas para celíacos, alergias e
intolerâncias alimentares, bem como a opção vegetariana estrita, adotada por
cada vez mais pessoas por motivos éticos, ambientais ou de saúde, dando
cumprimento à Lei 11/2017 proposta pelo PAN que estabelece a obrigatoriedade de
existência de opção estritamente vegetariana nas ementas das cantinas e dos
refeitórios públicos.
Este investimento na prevenção irá
certamente contribuir para um município com habitantes mais saudáveis e
simultaneamente permitirá a médio prazo aliviar os custos comportados pelo SNS,
uma vez que muitos dos problemas de saúde que afetam a população mundial neste
século estão diretamente relacionadas com a alimentação.
Assim esperamos que esta iniciativa seja
positivamente debatida em comissão e volte brevemente à Assembleia Municipal e
que seja favoravelmente votada a bem de todas e de todos.
*DEPUTADA MUNICIPAL DO PAN
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