![]() |
29 SETEMBRO 2019 |
O exercício da justiça devia mesmo ser um ponto central dos programas do governo. Como se propõem os governos garantir aos cidadãos o serviço da justiça?
Silêncio! Os juízes e os procuradores
são perigosos quando ameaçados no território que conquistaram! Silêncio dos
partidos. Cumplicidades. Eu assumo o meu cartão de cidadão. Soberano. Uma
soberania de 1 a dividir por 10 milhões, mais ou menos. Mas não abdico dessa
fracção de soberania, nem de ser cidadão de parte inteira.
Existem nos programas de governo dos partidos propostas para garantir o acesso dos cidadãos a serviços essenciais. Alguns exemplos:
Existem nos programas de governo dos partidos propostas para garantir o acesso dos cidadãos a serviços essenciais. Alguns exemplos:
O serviço nacional de saúde,
da responsabilidade do respectivo ministério. Se um doente é mal atendido num
hospital, se cai da maca, se não tem lugar, se a consulta ou a intervenção
cirúrgica demora mais do que o estabelecido no protocolo, o ministro é chamado
a responder. Os jornais acusam o governo de mortes e sofrimentos. Faltam
pastilhas nas farmácias, alarme nos noticiários e chamada de governantes. E lá
estão os utentes de cartão de saúde, os bastonários de médicos e enfermeiros de
dedo em riste em hospitais e centros de saúde a reclamar contra maus
diagnósticos, faltas ao trabalho de profissionais, más práticas, tudo culpa do
governo, do ministro!
O serviço nacional de educação, da responsabilidade do respectivo ministério. Falta giz, ou apagador, faltam assistentes operacionais ou professores para alunos com necessidades especiais, os livros estão em mau estado, as notas são muito altas, muito baixas, não há vagas, há vagas a mais, as matérias são desadequadas ao momento e à cultura actual, os exames são justos, são injustos, realizam-se a horas, os professores são bem ou mal avaliados. À comunidade escolar, docentes, discentes, encarregados, auxiliares a todos o governo tem de responder pelo resultado do serviço nacional de educação que é da responsabilidade do governo que elegemos. Que o diga o Mário Nogueira, que até pela manga puxa a ministra, ou o chefe do governo. Sai um ministro ao redondel!
O serviço nacional de mobilidade, da responsabilidade de um ministério que já teve várias designações, obras publicas, transportes, comunicações, infra-estruturas, mas que tem à sua responsabilidade a construção e a utilização de vias ferroviárias, rodoviárias, aeronáuticas, estradas, pontes e auto-estradas, os pisos em bom ou mau estado, a sinalética, o traçado, a manutenção, os custos, os tempos de execução das viagens, os abastecimentos de combustível e outras matérias, se não há combustível, se cai uma ponte, se uma barreira desaba, se um comboio descarrila, se os aviões se atrasam, sai um ministro, um secretário de estado a responder pelo serviço nacional de mobilidade. Ministros ao quadro! Ou ao patíbulo.
Os serviços nacionais de segurança e defesa, polícias, guardas, militares de terra, mar e ar, com ministérios da administração interna, da defesa. Falta uma sentinela num paiol, cai um ministro! Só não aconteceu com os submarinos. Somos claramente um país de marinheiros. Mas havia um ministro para as questões, a justiça dita independente é que parece que não tinha perguntas…
O serviço nacional de educação, da responsabilidade do respectivo ministério. Falta giz, ou apagador, faltam assistentes operacionais ou professores para alunos com necessidades especiais, os livros estão em mau estado, as notas são muito altas, muito baixas, não há vagas, há vagas a mais, as matérias são desadequadas ao momento e à cultura actual, os exames são justos, são injustos, realizam-se a horas, os professores são bem ou mal avaliados. À comunidade escolar, docentes, discentes, encarregados, auxiliares a todos o governo tem de responder pelo resultado do serviço nacional de educação que é da responsabilidade do governo que elegemos. Que o diga o Mário Nogueira, que até pela manga puxa a ministra, ou o chefe do governo. Sai um ministro ao redondel!
O serviço nacional de mobilidade, da responsabilidade de um ministério que já teve várias designações, obras publicas, transportes, comunicações, infra-estruturas, mas que tem à sua responsabilidade a construção e a utilização de vias ferroviárias, rodoviárias, aeronáuticas, estradas, pontes e auto-estradas, os pisos em bom ou mau estado, a sinalética, o traçado, a manutenção, os custos, os tempos de execução das viagens, os abastecimentos de combustível e outras matérias, se não há combustível, se cai uma ponte, se uma barreira desaba, se um comboio descarrila, se os aviões se atrasam, sai um ministro, um secretário de estado a responder pelo serviço nacional de mobilidade. Ministros ao quadro! Ou ao patíbulo.
Os serviços nacionais de segurança e defesa, polícias, guardas, militares de terra, mar e ar, com ministérios da administração interna, da defesa. Falta uma sentinela num paiol, cai um ministro! Só não aconteceu com os submarinos. Somos claramente um país de marinheiros. Mas havia um ministro para as questões, a justiça dita independente é que parece que não tinha perguntas…
O serviço nacional do
ambiente, com ministério para assegurar condições de vida aos cidadãos,
atmosfera respirável, água bebível, produtos comestíveis. O ministro sempre em
bolandas por causa de esgotos a céu aberto, de um processo de extracção de
areias numa ribeira. De um pássaro que perdeu penas, de um javali que
atravessou um batatal.
Os serviços nacionais da economia e do trabalho, que, entre outras funções regulam a produção, o comércio, o trabalho. Se há especulação, ou falta de produtos, se existem condições iníquas de pagamento de assalariados, e há um governante a ser chamado a explicar a justificar o mau funcionamento dos serviços a cargo do governo, do executivo.
O serviço nacional de finanças, que cobra impostos e taxas, que procura (mal, segundo os pagantes) adequar a redistribuição da riqueza através da imposição de impostos, passe o pleonasmo. E vá de exigir explicações a ministros e secretários sobre IVA, IRS, IMI e tudo o mais que nos é imposto. Mas sempre uma responsabilidade do executivo que saiu de eleições e da soberania popular. O ministro e os secretários vão mais vez ao parlamento explicar escalões dos impostos à bica e às bebidas açucaradas que o Marques Mendes à TV fazer profecias.
Haverá, segundo a apreciação de cada um, ainda mais serviços nacionais. Até autoridades para a comunicação social, ou a igualdade de género, todos eles com a função de prestar serviços e assegurar que os cidadãos são servidos, se bem, se mal, é outra questão. Os serviços existem e respondem. Os governos existem para os garantir. Residindo a soberania no povo, a responsabilidade pela execução dos serviços que servem (o tal pleonasmo) o povo, os cidadãos, é do executivo, do governo que resulta da vontade da maioria.
É assim, excepto para um serviço essencial à vida da sociedade: a administração da justiça! Alguém explica alguma coisa aos cidadãos sobre a justiça? É uma matéria esotérica? Falam outra língua, como o franglais nos antigos tribunais ingleses, um patuá apenas acessível aos do métier? Um género língua criptada de mindrico? Numa sociedade escolarizada e democrática quem responde pela justiça? A ministra não. Trata, quando muito de escalas de guardas prisionais. Os juízes também não, são independentes e atuam num olimpo. Os procuradores querem ser independentes e acomodarem-se no olimpo de 5 estrelas como os juízes e, pelo que se lê, prestam declarações off the record aos seus órgãos de comunicação mais ou menos privativos. O tal segredo de justiça pelo qual ninguém é responsável. E ainda dispõem de uma polícia dedicada, a Judiciária, que pretende um estatuto de ministério público. A pescada frita de rabo na boca. Que pagamos como lavagante! Quando nada funciona e tudo arde, como no poema do Sá de Miranda, a culpa é do governo que não proporciona os Meios. Os meios, cidadãos!
A regulação de direitos e deveres dos membros de uma sociedade é um dos papéis, ou das funções atribuídas aos que nela foram escolhidos, qualquer que fosse o método, para a representar. Administrar a justiça e conduzir os seus semelhantes na caça, ou na guerra foi o essencial do poder soberano. Quem administra a justiça detém o poder.
Nas modernas sociedades também é assim. Quem administra na justiça detém o poder. A judicialização da política é a tomada do poder por um grupo à margem do sistema de eleição por parte dos soberanos: do povo. É um golpe de Estado. O Brasil de Moro é o resultado mais recente desta nova forma de golpe. Do poder das armas para uma ditadura militar, para o poder da arma da justiça para uma ditadura judicial. Denominador comum: ditadura.
Os serviços nacionais da economia e do trabalho, que, entre outras funções regulam a produção, o comércio, o trabalho. Se há especulação, ou falta de produtos, se existem condições iníquas de pagamento de assalariados, e há um governante a ser chamado a explicar a justificar o mau funcionamento dos serviços a cargo do governo, do executivo.
O serviço nacional de finanças, que cobra impostos e taxas, que procura (mal, segundo os pagantes) adequar a redistribuição da riqueza através da imposição de impostos, passe o pleonasmo. E vá de exigir explicações a ministros e secretários sobre IVA, IRS, IMI e tudo o mais que nos é imposto. Mas sempre uma responsabilidade do executivo que saiu de eleições e da soberania popular. O ministro e os secretários vão mais vez ao parlamento explicar escalões dos impostos à bica e às bebidas açucaradas que o Marques Mendes à TV fazer profecias.
Haverá, segundo a apreciação de cada um, ainda mais serviços nacionais. Até autoridades para a comunicação social, ou a igualdade de género, todos eles com a função de prestar serviços e assegurar que os cidadãos são servidos, se bem, se mal, é outra questão. Os serviços existem e respondem. Os governos existem para os garantir. Residindo a soberania no povo, a responsabilidade pela execução dos serviços que servem (o tal pleonasmo) o povo, os cidadãos, é do executivo, do governo que resulta da vontade da maioria.
É assim, excepto para um serviço essencial à vida da sociedade: a administração da justiça! Alguém explica alguma coisa aos cidadãos sobre a justiça? É uma matéria esotérica? Falam outra língua, como o franglais nos antigos tribunais ingleses, um patuá apenas acessível aos do métier? Um género língua criptada de mindrico? Numa sociedade escolarizada e democrática quem responde pela justiça? A ministra não. Trata, quando muito de escalas de guardas prisionais. Os juízes também não, são independentes e atuam num olimpo. Os procuradores querem ser independentes e acomodarem-se no olimpo de 5 estrelas como os juízes e, pelo que se lê, prestam declarações off the record aos seus órgãos de comunicação mais ou menos privativos. O tal segredo de justiça pelo qual ninguém é responsável. E ainda dispõem de uma polícia dedicada, a Judiciária, que pretende um estatuto de ministério público. A pescada frita de rabo na boca. Que pagamos como lavagante! Quando nada funciona e tudo arde, como no poema do Sá de Miranda, a culpa é do governo que não proporciona os Meios. Os meios, cidadãos!
A regulação de direitos e deveres dos membros de uma sociedade é um dos papéis, ou das funções atribuídas aos que nela foram escolhidos, qualquer que fosse o método, para a representar. Administrar a justiça e conduzir os seus semelhantes na caça, ou na guerra foi o essencial do poder soberano. Quem administra a justiça detém o poder.
Nas modernas sociedades também é assim. Quem administra na justiça detém o poder. A judicialização da política é a tomada do poder por um grupo à margem do sistema de eleição por parte dos soberanos: do povo. É um golpe de Estado. O Brasil de Moro é o resultado mais recente desta nova forma de golpe. Do poder das armas para uma ditadura militar, para o poder da arma da justiça para uma ditadura judicial. Denominador comum: ditadura.
Em nome da falácia da independência
do poder judicial, os que deviam ser agentes (agir em nome do soberano), passam
a ocupar o lugar do soberano. O supremo magistrado, só para recordar. O que
quer dizer que os outros lhe são subordinados, funcionários, agentes de poder
delegado e não eleitos.
Em nome da tal falácia, os funcionários judiciais com a qualidade de magistrados, assenhorearam-se do sistema nacional de justiça. São eles que determinam como e quando os cidadãos têm direito a ela, são eles que estabelecem as prioridades do seu serviço e não as prioridades do executivo – em termos da recente greve dos motoristas de combustíveis seria como se fossem estes, á semelhança dos magistrados, que escolhessem a localização e o horários dos postos de abastecimentos, a quantidade e a qualidade de combustível, os tempos que cada automobilista teria de esperar até ser abastecido e se o seriam. E mais, não seriam responsáveis pelas consequências dos seus atos. Pelas mortes dos que não chegaram aos hospitais, nem dos assassinos que saíram das prisões e não puderam ser perseguidos por falta de combustível nas viaturas da polícia, nem pelos prejuízos dos que viram as colheitas arruinadas por falta de frios nos frigoríficos.
Em nome da tal falácia, os funcionários judiciais com a qualidade de magistrados, assenhorearam-se do sistema nacional de justiça. São eles que determinam como e quando os cidadãos têm direito a ela, são eles que estabelecem as prioridades do seu serviço e não as prioridades do executivo – em termos da recente greve dos motoristas de combustíveis seria como se fossem estes, á semelhança dos magistrados, que escolhessem a localização e o horários dos postos de abastecimentos, a quantidade e a qualidade de combustível, os tempos que cada automobilista teria de esperar até ser abastecido e se o seriam. E mais, não seriam responsáveis pelas consequências dos seus atos. Pelas mortes dos que não chegaram aos hospitais, nem dos assassinos que saíram das prisões e não puderam ser perseguidos por falta de combustível nas viaturas da polícia, nem pelos prejuízos dos que viram as colheitas arruinadas por falta de frios nos frigoríficos.
A falta de um sistema de justiça por
falácia da independência absoluta dos juízes, incluindo a da impunidade e da
irresponsabilidade, conduz a estas capturas do poder soberano por parte de
irresponsáveis. Incongruências, disfunções, dir-se-ia se falássemos de sistemas
normais.
Há livros de reclamação contra o mau julgamento dos juízes, horas, dias, anos de espera? Sentenças em linguagem incompreensível? Respostas prepotentes?
Há livros de reclamação contra o mau julgamento dos juízes, horas, dias, anos de espera? Sentenças em linguagem incompreensível? Respostas prepotentes?
Há possibilidade de queixa contra
magistrados ao provedor do cidadão?
Se um juiz, como Calígula, um imperador louco, nomear o cavalo senador, estará no pleno uso dos seus direitos de independência enquanto magistrado? Que poderá o povo soberano fazer contra a sua loucura? Nada! É um assunto do Conselho Superior de Magistratura. E esse povo soberano elegeu os seus senadores / deputados para quê? Para relincharem com o cavalo de Calígula?
Se um juiz, como Calígula, um imperador louco, nomear o cavalo senador, estará no pleno uso dos seus direitos de independência enquanto magistrado? Que poderá o povo soberano fazer contra a sua loucura? Nada! É um assunto do Conselho Superior de Magistratura. E esse povo soberano elegeu os seus senadores / deputados para quê? Para relincharem com o cavalo de Calígula?
A concepção de justiça no direito
europeu, direito romano, assenta na concepção de justiça em Platão e
Aristóteles, assenta na ideia de uma justiça construída nas relações sociais
que deveria estar de acordo com valores morais relacionados com a justiça geral
contida na natureza e de um sistema que colocasse em prática essa concepção, o
tal serviço nacional de justiça que não existe. Essa seria a função dos
governos, dos executivos.
É sempre (em minha opinião) mau princípio colocar as prostitutas a gerir o bordel. Os agentes da justiça, dos meritíssimos juízes aos procuradores, entendem que é um bom princípio e que o perfilham, desde que lhes paguem generosamente, como tem sido o caso. Resta saber a opinião da também respeitável clientela! Da malta que vota.
Proponho, ou proporia, a criação de um serviço nacional de justiça, a cargo de um ministro de um governo resultante do poder soberano dos cidadãos. Um serviço nacional em que os funcionários, dos juízes de qualquer instância ao funcionário da base da hierarquia, tivessem, à semelhança de todos os trabalhadores de serviços nacionais, os seus direitos e deveres regulados, fiscalizados e avaliados. Que respondessem pelo seu desempenho perante os eleitos, isto é, perante os cidadãos.
Que os funcionários a quem o Estado (a sociedade politicamente organizada), através do governo que responde perante o soberano, atribuiu a prorrogativa de poderem julgar livremente, agissem de acordo com a sua consciência e a lei.
A independência dos juízes diz respeito ao julgamento, a não serem de qualquer modo constrangidos, a terem condições para julgar e por isso sou defensor do generoso pagamento a estes funcionários, partindo do princípio de que, como qualquer ser humano, são mais vulneráveis se tiverem mais necessidades.
É sempre (em minha opinião) mau princípio colocar as prostitutas a gerir o bordel. Os agentes da justiça, dos meritíssimos juízes aos procuradores, entendem que é um bom princípio e que o perfilham, desde que lhes paguem generosamente, como tem sido o caso. Resta saber a opinião da também respeitável clientela! Da malta que vota.
Proponho, ou proporia, a criação de um serviço nacional de justiça, a cargo de um ministro de um governo resultante do poder soberano dos cidadãos. Um serviço nacional em que os funcionários, dos juízes de qualquer instância ao funcionário da base da hierarquia, tivessem, à semelhança de todos os trabalhadores de serviços nacionais, os seus direitos e deveres regulados, fiscalizados e avaliados. Que respondessem pelo seu desempenho perante os eleitos, isto é, perante os cidadãos.
Que os funcionários a quem o Estado (a sociedade politicamente organizada), através do governo que responde perante o soberano, atribuiu a prorrogativa de poderem julgar livremente, agissem de acordo com a sua consciência e a lei.
A independência dos juízes diz respeito ao julgamento, a não serem de qualquer modo constrangidos, a terem condições para julgar e por isso sou defensor do generoso pagamento a estes funcionários, partindo do princípio de que, como qualquer ser humano, são mais vulneráveis se tiverem mais necessidades.
Sou por um serviço nacional de
justiça da responsabilidade do governo que elegemos. Qualquer que ele seja.
*Coronel do Exército na reforma
*Os artigos de opinião publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de Cascais24.
*Coronel do Exército na reforma
*Os artigos de opinião publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de Cascais24.
1 comentário:
No sentido popular, este pode ter sido um exercício de retórica, de quem se acha capaz de mudar o mundo. Auto-citado entre os heróis da revolução abrilina, a tese aqui exposta revela a fragilidade do autor no que respeita a lidar com as coisas do direito. Mas não deixa de fazer um jeito à monarquia socialista de pendor totalitário que o PS controla através de uma disfarçada e persistente coligação com dois partidos que lutam pela sobrevivência. Conveniências recíprocas.
O sr. Coronel, que parece ter percebido de golpes (não aconteceu nenhum, porque Marcelo tinha desistido de governar), parece querer lidar com o direito como numa discussão entre adeptos da bola, cada um a puxar a brasa à sua sardinha, e conclui pela sujeição do poder judicial ao poder executivo. Perante isso, será difícil haver maior choque com a democracia. O adepto que "ganhou" o controle será o mais capacitado para exercer o controle judicial, como propôs? Nesse caso, será de aceitar passivamente, que o controle dessa actividade seja da competência destinada a eventuais governos corruptos? E nesse caso, sabemos, e temos experiência de que a cidadania não preparada também não controla qualquer governo corrupto.
Depois da generalidade das independências africanas os novos governos não mudaram a configuração das instituições extractivas, não democráticas, sem preocupações de ordem social-colectiva, e desencadearam inúmeras acções revolucionárias de guerras pelo poder. Porém, essas guerras não foram travadas para mudar instituições políticas, introduzir limitações ao exercício do poder, ou criar pluralismo, mas para adquirir o poder e enriquecer um grupo a expensas dos restantes.
O Portugal contemporâneo está mais próximo dessas modelos africanos que resultaram dos movimentos emancipalistas, do que de qualquer estado organizado democraticamente - há poucos no mundo -, em torno do primado do direito, mas um direito sério, sempre participativo e referendado, em que os responsáveis sejam responsabilizados pelos actos autocráticos, e pelas subtilezas de gerir em causas próprias.
Enviar um comentário