FELIZ NATAL, SR. PRESIDENTE (a fatura pagamos todos nós)

OPINIÃO

12 dezembro 2022 | 14h20
O final deste ano de 2022 tem sido rico em notícias graves sobre Cascais:

  1. a perda de mais um recurso no processo judicial que a Scotturb moveu contra a CMC na sequência do contrato de concessão dos transportes públicos de Cascais que a CMC fez questão em assinar com a Martín (vide o excelente artigo de Clemente Alves https://www.cascais24.pt/p/e-estes-ninguem-os-caca.html);

  2. os contratos e os evidentes sinais de nepotismo e/ou favorecimento familiar na Cascais Dinâmica/aeródromo de Tires, com o aval do Sr. Presidente;

  3. as notícias de quase desmoronamento de várias casas na Biscaia por causa de uma polémica obra que nunca deveria ter sido autorizada (mas que foi licenciada pelo Vereador Nuno Piteira Lopes) num terreno com elevadíssima inclinação, inserido na área do Parque Natural Sintra-Cascais;

  4. a (mais do que justa) eliminação de Cascais da fase final do concurso de capital europeia da democracia, concurso que a Câmara fez questão de publicitar fortemente.

Tudo tem vindo a traduzir-se numa fatura que será cada vez mais elevada. Fatura que, a par da destruição sistemática do património e das áreas verdes protegidas, virá a constituir o triste legado de Carlos Carreiras, legado assente exclusivamente na promoção de construção megalómana de condomínios para estrangeiros de dinheiros pouco claros e negócios mais escuros. Enquanto isso, a população local portuguesa é empurrada para fora do concelho e vive cada vez pior, seja por não ter dinheiro para pagar os preços absurdos da habitação em Cascais, seja por não haver verdadeira criação de riqueza e de emprego qualificado em Cascais nos últimos 12 anos.

É, pois, natural que Carlos Carreiras ande a tentar deixar o município para rumar a paragens que o protejam destas e de agruras cada vez mais graves que seguramente começarão a ser conhecidos assim que o ainda Presidente da Câmara se afastar.

Aquilo que protege esta gente é, ainda e apenas, a rede de contactos, influências, distribuição de benesses e negócios pouco claros com dinheiros públicos que, ao longo dos anos, foram aumentando como um polvo. Veja-se, a este propósito:

  1. o escândalo que foram os ajustes diretos durante a pandemia (que já foram criticados pelo Tribunal de Contas);

  2. a entrega de um terreno com o valor matricial de 2 milhões de euros por 744€ mensais à Chabad, que continua sob investigação do Ministério Público;

  3. certas contratações, como a de uma senhora brasileira com poucas qualificações para a Proteção Civil ou de um tenente-general na reserva que usa o carro público ao Domingo para deslocações pelo País e cuja utilidade da contratação para Cascais é seguramente menos que zero, só para dar dois exemplos;

  4. a sistemática introdução de alterações ao PDM que permitem ou aumentam a edificabilidade de certas zonas;

  5. o escândalo que constituem algumas obras particulares em áreas protegidas (a casa de Ronaldo, as da Biscaia ou as licenciadas na zona da Quinta da Marinha são alguns dos exemplos) ou a velocidade de certos licenciamentos e o atraso de outros;

  6. a contratação de estudos e projetos a gente dos partidos (designadamente, do moribundo CDS) que não se chega a saber se são entregues e/ou qual a utilidade que têm;

  7. o apoio a determinadas fundações e à Nova SBE;

  8. a sistemática concessão de elevados valores para a Aldeia do Natal a um grupo ligado aos media (que arrecada ainda, depois, o valor elevado dos bilhetes que cobra aos visitantes);

  9. o escândalo do financiamento de certas obras (como o edifício da lota) e a atribuição, sem concurso, de espaços comerciais ou para a realização de eventos; etc..

Tudo, muitas vezes, com o “ámen” dos deputados da maioria na Assembleia Municipal, os “yes men” do executivo. Tudo com o nosso dinheiro, que serve assim e apenas para alimentar a máquina de influências, garantir o emprego a gente pouco ou nada qualificada e respetiva família, ou transferir fundos para alguns operadores económicos estratégicos.

A par disto, a CMC continua a desperdiçar dinheiro em advogados externos, que são principescamente pagos para tentar empurrar para mais tarde a gigantesca fatura dos erros crassos cometidos por quem usa o poder público irresponsavelmente.

Mais grave: este executivo continua sem nada fazer para proteger a Quinta dos Ingleses (dizendo não ter dinheiro), empenhado em aumentar o aeródromo de Tires, deixar construir no centro das localidades (centro da Vila, Aldeia de Juso, Birre, Areia, etc.), em todos os pedaços de terreno possíveis junto à costa ou que ainda permaneçam verdes, sem se preocupar com as infraestruturas e os custos ecológicos destas opções, em projetos que são apenas para milionários, e a esbanjar rios de dinheiro em publicidade e marketing.

Em 12 anos de governação a única alteração estrutural no território foi na paisagem – que tem sido e continua a ser destruída com construção.

A CMC é como muita gente no Instagram: a diferença entre a imagem que publicitam e a realidade é avassaladora. Infelizmente, os filtros que usa são pagos por nós.

A maioria da população de Cascais não vota, mas também não esquece.

Feliz Natal, Sr. Presidente. Pode ir embora, que nós pagamos a fatura, que vai ser bem cara.

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