VOZ DO BRASIL
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Correspondente em São Paulo 25 setembro 2022 | 16h17 |
Nos últimos tempos tem crescido a
divulgação sobre comportamento aversivo e odioso no meio social. Seja aqui no Brasil, de onde escrevo, seja em Cascais
ou em outros lugares de Portugal ou dos EUA, por exemplo, sempre haverá aquela
pessoa que não gosta de estrangeiros, não admite conviver com negros ou,
simplesmente, odeia a posição política do seu vizinho.
O ódio ao outro é uma manifestação
comum no convívio em sociedade, na medida em que se torna difícil haver visões tão diferentes sobre as mesmas
coisas, como gosto musical, gosto por estilos de pessoas ou por escolha do
prefeito da cidade, sem que haja também divergência, discussão e raiva, muita
raiva em ouvir o posicionamento do outro.
O ódio pode aparecer por várias vias
diferentes, ora pode surgir por medo de sofrer algum mal, ora pode surgir por discordância ou simplesmente por inveja. Quando Caim matou a seu irmão Abel, estava a ser dominado pela ira e pela inveja.
Já no caso de José do Egito, foi
covardemente capturado e entregue aos mercadores pelos próprios irmãos, por terem inveja dele. O ódio também
alimentou os propósitos de Napoleão no seu intento de dominar toda Europa, por exemplo. E o que dizer dos protagonistas da sangrenta
revolução francesa, como Robespierre, que instigou a morte de milhares de
pessoas tão somente por considerá-los infiéis à revolução.
De todos os eventos odiosos que marcaram a nossa história recente, talvez os
que mais foram cruéis e repulsivos tenham sido praticados pelo terceiro reich ,
sob o comando de Hitler, na Alemanha. A forma de categorizar grupos de pessoas
como sendo insignificantes e sem direito de existir, como os demais, inaugurou
um nível de ódio que marcaria o mundo. De lá pra cá, essas práticas de
intolerância vem sendo combatidas em todos os setores da sociedade por quase
todo mundo, com vistas a diminuir os casos de opressão ou violação de direitos
humanos.
Diante desse breve quadro histórico
feito, podemos concluir que o ódio faz parte do comportamento humano, pois é um
sentimento que vem muitas vezes de uma indignação, o que não quer dizer que
tenha razão pra isso. O que queremos dizer é que a raiva, a aversão e
intolerância estão presentes em todas as civilizações humanas, desde os tempos
bíblicos até os dias de hoje.
O cuidado que precisamos ter ao
falar desses assuntos é não atribuir a todos um comportamento praticado por uma ou algumas pessoas, como fizeram em relação a Portugal, recentemente. Da mesma forma que não podemos tratar os alemães como nazistas contra judeus, uma vez que a generalização acaba por
criminalizar toda coletividade por causa de algumas, também não podemos chamar
todos os portugueses de racistas ou xenófobos. O que nos parece que ocorre é aquela
velha tática muito comum entre as crianças, ou seja, apontar os defeitos dos
outros como se não tivéssemos nenhum pra corrigir.
Talvez nenhum país possa se orgulhar
de ser o único que não há algum tipo de racismo, xenofobia ou qualquer outra
forma de odiar algo ou algum grupo de pessoas. Onde houver um coração humano,
ali haverá a possibilidade de surgir o delírio da raiva e a fome por vingança.
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