E agora Senhor Carreiras?

OPINIÃO

21 MARÇO 2021 | 17h29
Por imposição da maioria PSD/CDS que governa a Câmara, os munícipes de Cascais ficaram desligados do “sistema metropolitano de transportes” promovido e coordenado pela AML para operar no território dos 18 concelhos que, tendo em conta que nenhum vive isolado e todos emitem e recebem passageiros de e para os seus vizinhos, concluíram que os actuais problemas da mobilidade, quer interna quer, sobretudo, entre concelhos, se resolvem melhor se, em vez de 18 sistemas municipais, em que cada qual só trata de si, existir apenas um, com uma rede desenhada para servir os 2,9 milhões de habitantes e cobrir os 3.015Km2 de toda área metropolitana.

Como se Cascais fosse uma ilha, senão mesmo um outro continente, Carlos Carreiras e o seu PSD-CDS decidiram manter-nos à parte.

Pois se “Cascais é o melhor lugar do Mundo para se viver”, e se ao comando tem o mais sagaz e inteligente presidente de todos os presidentes, o mais in em todos os jornais e nas TVs, porque não termos um sistema de transportes rodoviários de passageiros só para nós? Ora se somos os melhores a viver no melhor lugar do mundo, porque não havemos de ter também os autocarros mais bonitos, modernos e originais?

 “Se no Mundo alguém sabe de transportes, Cascais sabe mais que todos, tanto que até Los Angeles e New York nos querem copiar!” (CC dixit), Carlos Carreiras e o seu PSD-CDS não podiam deixar de aguisar que o melhor para as 215.000 pessoas que aqui vivem seria continuar a virar as costas aos outros 17 Concelhos, governados por socialistas e comunistas, logo indignos de serem vizinhos da Cascais.

Por isso, a CMC avança sozinha para o concurso internacional destinado a apurar um operador de transporte colectivo rodoviário de passageiros, exclusivo para operar no seu território.
  
Concurso, em cujas condições CC fez questão de não incluir a salvaguarda das centenas de trabalhadores da actual concessionária que, na eventualidade de não ir a concurso ou, se fosse, de não sair vencedora, fatalmente perderiam os empregos. 

Concluída a tramitação habitual, o júri do concurso, nomeado por Carlos Carreiras, decidiu recomendar a escolha da empresa espanhola Martin, mandando embora a Scotturb que, não conformada com a decisão, recorreu para os tribunais.

Entretanto, com as eleições para a Câmara e Freguesias programadas para Setembro/Outubro, impunha-se que, como Ás de trunfo, os autocarros novos já estivessem a circular e a exibir a excelência deste executivo.

E, ouro sobre azul, enquanto o sistema da AML só vai arrancar em Dezembro, Cascais ao pôr os seus autocarros novos em movimento a partir de Maio, vai calar de vez aqueles poucos do costume que por inveja e maledicência ainda se atrevem a contestar a excelência do Presidente Carreiras, que só por uma unha negra não nomeado “melhor e maior Mayor do Mundo”, conforme rezava a propaganda da campanha publicitária que, sem o saberem, os munícipes de Cascais andaram a pagar-lhe.

Mas (ai as linhas tortas com que, dizem, os deuses escrevem as histórias!), o Tribunal Administrativo do Circulo de Lisboa veio, na passada sexta-feira, declarar que, por ilegalidades várias cometidas no concurso, a empresa espanhola não podia ter sido apurada, declarando que Scotturb tem razão e, consequentemente, a Martin vai ter que ficar em Espanha e a Scotturb é que vai continuar a operar o transporte rodoviário de passageiros em Cascais!

E agora,

. a espanhola Martin vai conformar-se com a decisão do Tribunal? E os 96 novos autocarros, que seguramente, vai alegar que já encomendou a contar com o serviço em Cascais, quem os vai pagar? 

. a Scotturb, entretanto empatada no processo do perde e ganha, tem autocarros novos para iniciar o novo serviço, pelo qual vai receber da Câmara de Cascais 109 Milhões de euros em apenas três anos, ou os cascalenses vão ter que continuar por mais largos meses a andar nos actuais machimbombos?

E atrevam-se os maledicentes a dizer que o nosso mayor não é o mesmo o maior!

*Os artigos de opinião publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de Cascais24.




 

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