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19 FEVEREIRO 2019 |
Diz-se, na gíria jurídica, que à mulher de César não basta
ser honesta, tem também de o parecer ser. É cínico, obviamente, mas não deixa
de ser um elemento central no processo de avaliação pública das figuras
públicas (e passo a redundância).
A avaliação que cada um de nós faz dos outros,
especialmente quando esses outros desempenham cargos públicos, está eivada
desse mesmo olhar crítico que se lança à mulher de César, é que não lhes basta
ser honestos, têm também de parecer ser honestos. É desta imagem impoluta, de
honorabilidade e de respeitabilidade, que quem tem pretensões de conduzir os
destinos públicos vive. Quando essa imagem se perde… muito dificilmente poderá
ser reconquistada.
Que no íntimo de cada um exista discordância em relação a
determinadas normas do enquadramento jurídico, é algo que só diz respeito a si
mesmo e à sua consciência. Quando se exprime dúvidas sobre a validade dessas
normas, em público, poder-se-á lançar um debate sobre tal justeza, de amplitude
variável, mas em que a tal imagem a que aludi acima já se encontra posta em
jogo. Mais grave, quando se defende publicamente, num plenário de um órgão de
poder local, a prática de crimes.
Nuno Alves poderá ser o mais honesto de todos os
presidentes de Juntas de Freguesia do País, mas não parece sê-lo, porque um
homem honesto não pode defender a prática de crimes puníveis pelo Código Penal,
mesmo que não tenha, ele mesmo, cometido nenhum crime.
Quando Nuno Alves afirma que “acha muito bem a prática da
especulação imobiliária” em plena Assembleia de Freguesia da União de
Freguesias de Carcavelos e Parede, está a defender, publicamente, a violação da
lei e a desafiar a ira dos deuses e dos eleitores. Não tenho formação jurídica,
pelo que não ouso afirmar que Nuno Alves deva ser objecto de processo jurídico
por tal afirmação. Também não pretendo insinuar que deverá ser punido
criminalmente.
O que me importa, e o que nos deveria importar a todos e a
todas, é que quem desempenha um cargo público, eletivo, não pode e não deve,
assumir a defesa dos praticantes de crimes contra o ordenamento jurídico
português.
Ler outros artigos de MIGUEL OLIVEIRA
+A Imprensa lava mais branco
+A arte de armar aos cucos em toda a sela
+Trinta e seis, noves-fora
*Os artigos de opinião publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de Cascais24.
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