Opinião
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10 ABRIL 2018 |
No início de janeiro
Carlos Carreiras e Miguel Pinto Luz quiseram utilizar o Jornal Expresso para
apresentar aquilo que apelidaram, não sei se eles se o jornalista, de Nova
Cascais.
A tónica de toda a
notícia carrega um exagerado entusiasmo com a pretensa revolução que a autarquia
de Cascais planeou realizar.
Vale a pena olhar com
atenção e perceber os pormenores, acima de tudo quem ganha e quem perde com
tudo isto.
Cascais ganhou uma notícia
num jornal de referência, pouco mais do que isso, em minha opinião.
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(infografia inserida no Jornal Expresso –
7/01/2018)
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Olhemos primeiro para a
infografia. O que tem de errado?
Só metade do concelho
tem direito a “ser nova”!
As freguesias de
Alcabideche e de S. Domingos de Rana vão continuar a fazer parte da velha
Cascais. A parte desprezada, onde pouco ou nada acontece, para onde o dinheiro
e a atenção da Câmara de Cascais vai a conta-gotas!
Dos investimentos
anunciados só um está a norte da autoestrada e esse existe desde 1964 – O
aeroporto de Tires!
Para quem queira pensar
em Cascais como um todo, esta tendência, que não é de agora, não tem uma
explicação fácil.
Por muito que me custe,
acabo por ter que dar toda a razão ao discurso que defende que existem duas
Cascais – A dos ricos, do turismo, do casino, das praias, e a dos pobres, dos
bairros sociais, dos bairros clandestinos, do mau ordenamento de território e
da péssima oferta de condições de mobilidade.
O interior de Cascais, a
norte da autoestrada, merecia outra atenção, merecia um plano de
desenvolvimento no interior do concelho, onde ainda há terrenos disponíveis
para pensar grande, para criar polos empresariais ligados a serviços e a novas
tecnologias, onde fosse possível criar novos empregos e permitisse fixar em
Cascais uma boa parte dos recursos humanos que habitando em Cascais continuam
todos os dias a ter que perder 2 ou 3 horas nas deslocações para Lisboa ou para
Oeiras!
Mas para que um plano
destes tivesse a mínima hipótese de sucesso obrigava a que a Câmara, Carlos
Carreiras e a sua equipa, se preocupassem em criar acessibilidades que
permitissem fluxos horizontais (ligação a Oeiras e a Lisboa) e fluxos verticais
(ligações a Sintra).
Obviamente que nenhuma
empresa se instala num sítio onde os acessos sejam obsoletos e sem condições.
É por isso que no eixo
Alcabideche / Manique / Trajouce a única empresa com dimensão ali instalada é o
Complexo da CMC em Alcoitão e no eixo vertical S. Domingos de Rana / Abóboda /
Trajouce a esmagadora maioria das médias e pequenas empresas ali existentes
procuraram novos locais com melhor acessibilidade.
Já experimentaram fazer
a estrada S. Domingos de Rana Trajouce entre as 7h e as 21h? Se ainda não,
experimentem e vão perceber do que falo!
A conclusão da
longitudinal norte, a variante de Trajouce, são dois exemplos de investimentos
viários estruturantes que continuam a não sair do papel.
Para os munícipes de
Alcabideche e de S. Domingos de Rana sobram umas migalhas, que serão mais
visíveis perto das próximas eleições autárquicas!
Mas e o plano que vai
transformar a parte a sul da autoestrada do concelho de Cascais, em que medida
vai alterar, beneficiar os munícipes de Cascais, Estoril, Parede e Carcavelos?
Não sei se os
investidores dos empreendimentos ou os administradores das empresas que irão
construir todos estes edifícios são munícipes destas freguesias mas tenho uma
triste notícia para vos dar – Tirando os promotores e investidores e os
construtores não vejo mais ninguém que saia beneficiado com todo este betão
anunciado! Para eles o benefício parece-me bem avultado mas para o munícipe, o
pagador de impostos, nada!
Os investimentos em
Carcavelos / Parede – School of Business, cerca de 1000 fogos na Quinta dos
Ingleses, centro comercial, hotéis, vão descaraterizar aquela zona, vão
promover uma pressão sobre a estrada Marginal, vão alterar as condições e a
qualidade da praia de Carcavelos, vão transformar a entrada do concelho de
Cascais numa Brandoa à beira mar!
E há um balanço que
ainda não foi feito mas merecia ser quanto antes. O que vai acontecer ao
comércio tradicional de Carcavelos?
E depois a entrada em
Cascais.
Betão na antiga
discoteca Bauhaus, betão no Jumbo, betão na Marina, betão no Hotel Nau, betão
na Praça de Touros, com tanto betão, qual o real benefício para os munícipes de
Cascais, os pagadores de impostos?
O projeto inicial do
Cascais Vila previa o cruzamento com a avenida de Sintra desnivelado. Por obra
e graça de José Luís Judas acabou por ficar de nível e contribuir até hoje para
a meia hora necessária para entrar na Vila de Cascais.
Agora, este projeto do
Jumbo, transforma aquela zona em mais um número assinalável de apartamentos,
que irão beneficiar alguém, mas para o cruzamento não vai sobrar nada, fica
tudo igual. A única diferença é que os automobilistas na meia hora de espera
para entrar em Cascais passam a ter “uma paisagem verde”…
Em Cascais, na Câmara
Municipal, o PSD caiu em 1994 por causa do betão, José Luís Judas caiu em 2001
por causa do betão.
No último caso, Carlos
Carreiras, então entusiasta promotor de uma Associação Cívica que combateu sem
quartel José Luís Judas por causa do betão, vem agora anunciar com pompa e
circunstância uma nova Cascais com uma invasão de betão? A isto podemos chamar
o quê? “Coerência”?
Mas tudo isto é sintoma
da apatia da maioria dos munícipes de Cascais. Olham para estas notícias e
encolhem os ombros.
Quando despertarem,
poderá ser tarde demais!
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Cascais, a cegueira e a política!
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2 comentários:
Caro Rui Frade Ribeiro ,
Totalmente de acordo com o exposto.
Com sorte e algum karma o Carreiras e o Pinto da Luz ainda ficam também eles soterrados no seu betão, espero é que isso aconteça antes da destruição de Cascais
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