Autárquicas
O recurso contencioso
apresentado pelos partidos da oposição em Cascais (PS, CDU, PCP/BEV, Bloco de
Esquerda e coligação “Também És Cascais”), que alegavam ter havido irregularidades
nas eleições de 1 de outubro nas mesas de voto das freguesias de Alcabideche e
Carcavelos Parede, foi rejeitado esta sexta-feira pelo Tribunal Constitucional,
que também não deu provimento ao pedido para que o ato eleitoral fosse
repetido.
Entretanto, Carlos Carreiras, reeleito com maioria nestas eleições
presidente da Câmara Municipal de Cascais pela coligação “Viva Cascais”, ameaça
fazer queixa judicial dos partidos por injúria, difamação e calúnia. Na sua
página pessoal do Facebook, Carreiras afirma que, ao contrário dos
protagonistas da oposição, eu não procuro na justiça vitórias que me faltam na
política. Mas como cidadão de bem, como presidente de câmara de todos os
cascalenses, não tolero ataques vis à honra dos cidadãos que represento e das
instituições que jurei defender”.
O recurso
entrado no Constitucional fundamentava-se em alegadas divergências de votos
entre a assembleia municipal e a câmara municipal, bem como alegadas
irregularidades na afixação de editais.
Segundo o
acórdão judicial, ao qual o jornal Público diz ter tido acesso, a discrepância
entre o número de votos tinha sido analisada e “não é fundamento suficiente a
invocação de suspeições que não consubstanciem sérias e fundadas dúvidas,
objectivamente perceptíveis, sobre a correcção do apuramento. A recontagem de
votos válidos apenas se justifica em casos excepcionais, extraordinários.”
Já em relação
aos editais em falta, o Tribunal Constitucional declarou que “não lograram os
mesmos demonstrar que tais disparidades não tenham resultado da necessidade de
rectificação, para fidedigna reprodução dos resultados plasmados na acta de
assembleia de apuramento geral.”
Reações
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Pedro Jordão (PDR/JPP), Rui Mendes (PS), Clemente Alves e Filipe Rua (CDU) e Rui Costa (Bloco Esquerda) |
"Procurámos
por todos os meios apurar a melhor expressão dos eleitores de Cascais, mas tal
não foi possível por razões processuais, mas respeitamos e acatamos a decisão
do tribunal", afirmou Rui Costa.
Pedro Jordão
considerou "inacreditável a decisão" e Clemente Alves disse não
entender como é que o Tribunal Constitucional não considerou a diferença nos
votos. O PS remeteu
uma reação para mais tarde.
Já a
coligação PSD/CDS-PP, reeleita no passado 1 de outubro, considerou que a
decisão se traduz numa "derrota do frentismo desesperado".
De acordo
com Nuno Piteira Lopes, diretor de campanha da coligação, "a Justiça
traçou uma clara zona de demarcação da baixa política" e há "uma
lição: não se podem alterar na secretaria resultados obtidos nas urnas".
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Nuno Piteira Lopes |
Entretanto, na sua página pessoal do Facebook Carlos Carreiras questiona a
propósito: “Será que depois de perderem em toda a linha com os recursos ao
Tribunal Constitucional, a oposição para tentar ser coerente não irá tomar
posse no proximo dia 21?
Há uma altura em que é preciso dizer Basta!”.
Há uma altura em que é preciso dizer Basta!”.
“A queixa que a frente unida da oposição radical de Cascais apresentou no
Tribunal Constitucional envergonha a história e a tradição democrática de
Cascais”, escreve Carlos Carreiras, segundo o qual “agora tudo serve para puxar
Cascais para baixo”.
Carreiras acusa, ainda, que “a oposição é vitima de uma cegueira que consome
as ideias. Um ódio que mata o bom senso. Toda a sua ação política (ainda lhe
podemos chamar assim?) é marcada por ataques pessoais, ofensas e calúnias. Umas
assumidas outras a cobro do anonimato. Não é possível descer mais baixo”.
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Carlos Carreiras |
Carlos Carreiras assegura, ainda: “Já percebi que os próximos quatro anos
vão ser iguais aos últimos quatro. A calúnia é o oxigénio da oposição. A ofensa
o alfa e o ómega. O bota abaixo o seu caminho para a felicidade. Basta!”.
E, finalmente, deixa um aviso: “Sempre que a fronteira da democracia for
cruzada, sempre que a barreira da civilidade ameaçada, sempre que os valores da
liberdade forem atingidos, o debate deixará de ser político e passará a ser
jurídico”.
1 comentário:
Que coisa bela. Democracia adorável. Quatro anos de caça às bruxas.
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