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30 MAIO 2019 |
Afinal o que se passa?
70% de abstenção e mais
7% de votos brancos e nulos são uma demonstração clara que a democracia em
Portugal está doente e precisa urgentemente de um abanão.
Como chegámos até aqui?
Partilho o meu ponto de
vista.
Se a democracia é uma
forma de exercício de poder representativo, ou seja, a totalidade de pessoas de
uma comunidade delega o seu poder num grupo restrito de pessoas por um
determinado tempo, em Portugal é um processo que entrou em falência.
A explicação do
fenómeno é, no meu ponto de vista, uma coisa parecida com a discussão do que é
que surgiu primeiro, o ovo ou o pinto.
A democracia em
Portugal transformou-se numa partidocracia, em que são os dirigentes
partidários que exercem o poder tendo-se desligado da vontade do povo que
representam. Se os eleitores não se revêm nessa forma de exercício de poder
desinteressam-se do processo.
Também é verdade que
hoje estamos genericamente afastados do hábito de pensar e de lutar pelo que
achamos ser nosso direito.
É mais fácil ir ao
Marquês festejar a vitória de uma equipa de futebol do que ir a uma Assembleia
Municipal participar na discussão de um assunto que impacta na comunidade em
que estamos inseridos.
Porque não queremos
pensar, preferimos adotar a primeira balela que nos contam sem sequer um
pequeno esforço de escrutínio da sua bondade, exequibilidade e interesse real
para a comunidade.
Mas a esmagadora
maioria está farta da falsa representação dos eleitores pelos partidos
políticos, pela legislação criada que protege o corrupto, pela falta de medidas
que promova a transparência e devolva legitimidade à democracia.
Mas como poderão ser os
representantes dos Partidos, que ocupam os governos locais, regionais e
nacional ser o garante dessa nova revolução tranquila?
Sem uma profunda
limpeza nos aparelhos partidários penso que será difícil. Resta-nos votar em
novos partidos que possam personificar esta mudança.
Deixo-vos um singelo
contributo com algumas medias que poderiam melhorar a nossa democracia.
1- Se o
ato de participação cívica é em tese a participação nas eleições, então tal
fato deve passar a ser obrigatório e deverão existir sanções para os que não
participem, nomeadamente:
a. Não
poder ser eleitos para qualquer cargo de eleição ou nomeação política (governo,
vereação, administração de empresas públicas ou municipais, etc);
b. Não se
poder candidatar a qualquer lugar na função pública;
c. Ser
causa para justo despedimento da função pública ou de empresas públicas ou
municipais;
d. Perder
o direito a todos os abonos e apoios pagos pelo estado (escolas, serviço
nacional de saúde, fundo de desemprego, pensões, estágios)
2- A luta
contra a corrupção tem também que ser melhorada. Um político acusado de ato de
corrupção ou de prevaricação económica, tem que obrigatoriamente perder o
direito de poder voltar a desempenhar qualquer cargo de origem política, seja
por eleição seja por nomeação.
3- Tem
que ser mudado o ónus da prova do enriquecimento ilícito. Não pode ser a
justiça que tem que provar a ilicitude de um enriquecimento, tem que ser o
acusado a provar a licitude do dinheiro ou bens na sua posse.
4- Nas
eleições os votos brancos e nulos têm que passar a ter representatividade e
transformados em lugares não preenchidos, sejam nas assembleias sejam nos
executivos municipais.
5- A participação
em cargos políticos tem que ser disciplinada.
a. No
caso de desempenho de cargos executivos, a manter-se o limite de mandatos em
executivos municipais de 3, este número tem que ser considerado de forma
absoluta. Não faz sentido que um vereador possa fazer um número ilimitado de
mandatos e o presidente não, ou que um presidente de câmara se possa candidatar
em outra Câmara por mais 3 mandatos.
b. No
caso dos deputados também há situações que devem ser revistas nomeadamente as
pensões vitalícias que não fazem qualquer sentido.
c. A
eleição uninominal dos deputados poderia carrear para o processo uma maior
responsabilidade do político e uma maior ligação com o eleitor, que hoje é
manifestamente inexistente.
Com estas e outras
medidas talvez possamos regenerar a política, os políticos e a participação
cívica de todos.
A alternativa é deixar
que alguém mande, nos dirija e decida o que é melhor para nós sem a nossa
participação.
Esta última opção não
faz, de todo, o meu género!
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+Nova
Cascais- O betão, sempre o betão!
+Cascais, a cegueira e a política!
*Os artigos de opinião publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de Cascais24.
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*Os artigos de opinião publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de Cascais24.

2 comentários:
Alguém viu Pedro Mota Soares do CDS
Está desaparecido desde as últimas eleições Europeias .
O suposto asilo seria em Cascais ao lado do grande lider .
Excelente Artigo!
Revejo-me na critica faz ao cidadão comum, que se alheia das assembleias municipais. Não as frequento, e apenas por uma vez estive quase a ir. Apenas não fui, porque trabalho e vivo disso.
Mas ainda assim, deveríamos de todos ir e assistir. Tomarmos conhecimento dos assuntos e das opções tomadas, saber o porquê das mesmas, e ai sim: criticar construtivamente.
Sou dos que votei nos partidos marginais. Porquê, porque desconfio dos grandes partidos - O partido dos amigalhaços, à conta do parvalhão do contribuinte que so paga impostos e nao diz nada.
Tenho fé que as propostas do R.F. Ribeiro vejam luz do dia.
Excelente reflexão!
Cumprimentos, André Duarte
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