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06 JUNHO 2019 |
Para lhe valer, em Outubro de 2016, a
Câmara dominada pelo PSD e CDS decidiu comprar por 8.5 milhões de euros três
bairros construídos há mais de 60 anos através de subscrições públicas e,
sobretudo, pela doação de terrenos e dinheiro por uma família rica de Cascais.
Bairros cuja gestão, em condições diversas, foi consignada à Misericórdia de
Cascais.
Na operação de venda e de compra, tanto
a Santa Casa como a Câmara consideraram não ser do seus interesses saber o que
pensavam os moradores dos bairros Irene, Maria e Marechal Carmona, nomeadamente
para apurarem do seu interesse no uso do normal e natural direito de
preferência.
São conhecidas de todos as vivas
manifestações de descontentamento dos moradores, sobretudo do Bairro Irene que,
com legitimidade moral, já que a legal é coisa que os tribunais estão
para decidir, se consideram proprietários das casas onde as famílias habitam há
gerações. Direito que entendem ter-lhes sido outorgado tanto pelo casal Álvaro
de Sousa e Irene Amaral, que a expensas quase exclusivamente suas compraram
terrenos e fizeram construir as "casas para habitação de famílias modestas
do Concelho de Cascais" como, também, pela demissão de sempre da Santa
Casa em cumprir os deveres testamentados pelos doadores.
Concretizada a operação de compra, logo
veio a Câmara, através duma das suas empresas e sob ameaças várias,
nomeadamente a de lhes ser vedado acesso à água, ordenar aos moradores que se
recenseassem e, posteriormente, assinassem um contrato de arrendamento com
condições tais que, além de lhes matar de vez a ideia de serem eles os próprios
proprietários das casas, expressamente prevê a possibilidade de serem
desalojados a qualquer momento por vontade unilateral da senhoria Câmara.
Perante a resistência forte e
determinada dos moradores de fazerem valer a sua razão, Carlos Carreiras, o
Presidente da Câmara, veio à pressa dizer-se disponível para abrir mão da
propriedade, vendendo as casas às famílias "pelo exacto custo que a câmara
pagou por elas, sem um único cêntimo de ganho".
No entanto, e apesar de várias vezes
desafiado a que dissesse "qual o quanto", só ontem, numa Assembleia
Municipal extraordinária convocada pelas oposições, Carlos Carreiras se atreveu
a dizer que a venda se fará, "não pelo preço do mercado mas, como antes se
tinha comprometido, pelo preço de custo, que é de 800,00€ por m2." !
Quem minimamente conheça o Bairro Irene
e ouça dizer que alguém comprou aquelas casas, ocupadas há três gerações por
famílias "indespejáveis", por 800,00€ o metro quadrado não deixará
logo de se perguntar: quem fez um grande favor a quem?
Pela nossa parte, e não querendo colocar
em causa a razão e o meio usado pela Sta. Casa para se financiar, não podemos
deixar de questionar:
- Se a Câmara comprou casas modestas,
habitadas por famílias modestas, pelo preço inflacionado de 800,00€ o metro
quadrado fê-lo ou não para desse modo financiar a Santa Casa da Misericórdia de
Cascais?
- Se agora faz tenção de vender, sob a
ameaça de 'uma alternativa pior', às famílias que sempre pensaram serem suas as
casas que habitam, "pelo mesmo preço que se pagou por elas", não está
a Câmara, afinal, a obrigar as "famílias modestas" do Bairro Irene a
serem elas mesmas as directas financiadoras da generosidade eleiçoeira do PSD e
CDS usada com a Santa Casa da Misericórdia de Cascais?
(*) Eu, que em nome da CDU fui o único
Vereador na Câmara a opôr-se a este negócio, não tenho dúvidas.
*Vereador CDU na Câmara de Cascais
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*Os artigos de opinião publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de Cascais24.
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2 comentários:
800m2 é o valor de reconstrução em cascais.
O valor por si só não é excessivo tendo em conta as áreas das casas.
Se o montante pago serviu para a SCMC pagar o que devia à banca, nem é um negócio ruinoso para uma parte nem para a outra.
Se não serviu para pagar à banca, a questão muda de figura.
E o problema das dividas da Misericórdia não são as creches ou os lares...das creches quase toda a gente paga e bem o cálculo é feito sobre os rendimentos o mesmo se passa com os lares...recebem sempre um montante do estado e depois a família paga o resto ou então ficam com os bens das pessoas,uma tia minha em Sesimbra até a deram como sem família sabendo da existência de duas irmãs e 3 sobrinhos para poderem ficar com a reforma,casa e terreno..à muito que estas instituições deveriam ser investigadas porque à muito deixaram de prosseguir os seus princípios fundacionais actualmente são um sorvedouro de dinheiro publico e privado e no caso de Cascais o problemas arrasta-se desde o tempo de Cavaco como primeiro ministro ,a Misericórdia jogou o dinheiro na bolsa e a bolsa rebentou...desde essa altura que ficaram sem fundos....mas agora querem ainda construir um museu...aliás o dinheiro da venda dos bairros é maioritáriamente para isso..
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