Opinião
Devo
aos eleitores uma palavra. É agora o tempo de prestar contas após um período em
que privilegiei alguma contenção e em que assumi essencialmente no espaço
institucional a minha intervenção política e
os meus deveres de cidadania.
Iniciei as minhas funções na vereação ainda antes do atual
mandato 2013/2017. Comecei a participar na Vereação, em 2012, quando, de forma
avulsa, a generalidade dos vereadores tinham aceitado pelouros ou acordos com a
coligação PSD/CDS. O habitual unanimismo dos 10 vereadores (em 11) tendia a
ostracizar qualquer afirmação crítica.
“Vinha em sentido
contrário”
Foram tempos bastante difíceis. À época eu era, de facto, a
única voz discordante. “vinha em sentido
contrário” e isso paga-se, quase sempre, caro.
Mas desse tempo recordo também a democraticidade do Dr.
António Capucho, a competência da Drª Ana Clara Justino, a correção da Drª
Mariana Ribeiro Ferreira e a cordialidade do Dr. João Sande e Castro. Justiça
lhes seja feita, pese embora os naturais desacordos políticos.
O mandato de 2013-2017,
mau grado a repetida maioria do PSD/CDS, permitiu abrir a janela para
uma aragem fresca. Na vereação as oposições afirmaram-se efetivamente como
alternativa. Na verdade, pela primeira vez em muitos anos, ninguém abdicou dos
seus princípios, ninguém vacilou, , ninguém se encarreirou. Defenderam-se, entre outras causas, (i) a melhor
redistribuição fiscal; (ii) a contenção na construção; (iii) a maior
racionalidade na gestão do erário público; (iv) a transparência nas empresas
municipais; (v) a escola pública; (vi) a saúde pública; (vii) a qualificação da
história patrimonial do concelho e (viii) a valorização do papel das
freguesias.
Com frontalidade exigiu-se pluralidade, verdade e respeito
pelos cascaenses. As oposições compreenderam-se e, apesar das diferenças,
concordaram nas matérias essenciais.
Devo, neste ponto, afirmar uma palavra de respeito e de
louvor ao Dr. João Cordeiro. Em cada sessão camarária destes quatro anos foi
inequívoca a sua determinação em bater-se pelos direitos dos cascaenses assim
como foi exemplar o seu empenhamento em promover a convergência de todos
quantos se interessam por um futuro melhor para o concelho.
Todavia, como é sabido,
o diálogo cívico não aconteceu com a maioria absoluta do PSD/CDS. Pelo
contrário. A política autoritária e propagandística afirmou-se e adensou-se. O
jornal C mimetizou “o triunfo da vontade” de Leni
Riefenstahl; as propostas dos vereadores da oposição foram silenciadas e a
vontade popular dos cidadãos, nomeadamente de Carcavelos-Parede, foi
desrespeitada. A detenção do vereador da CDU Clemente Alves durante o seu
exercício de funções, bem ao estilo do que o poeta nos avisa: “primeiro levaram os comunistas…”, foi o
corolário consequente de uma prática de intimidação e autocracia.
Em outubro de 2017 existirão novas eleições autárquicas. Não
farei parte de nenhuma das listas concorrentes para qualquer dos órgãos do
município. O motivo? É simples e não me surpreendeu: a atual direção local do PS-Cascais
não concorda com a minha orientação e atuação políticas.
“Virou-se prò
formigueiro/ Mudem de rumo”
Não pretendo, agora, dirimir pontos de vista porque o meu
primeiro desejo é ver derrotada uma Coligação de direita que tão mal tem
tratado o concelho e os que nele habitam.
Espero que este PS-Cascais saiba defender com clareza as suas propostas de governação, sem
ambiguidades e com firmeza, como procurámos fazê-lo, na Câmara, durante
o mandato que agora finda.
Espero, também, que no próximo ciclo autárquico continue uma
boa governação unitária em S. Domingos de Rana e que, nas restantes Assembleias
de Freguesia, o PS-Cascais seja “robusto e credível” sem que a sua aquiescência
ou abstenção continue a servir os intentos de maiorias autoritárias do PSD/CDS.
E, sobretudo, espero que, independentemente dos resultados
eleitorais, todos os Partidos, Coligações e Movimentos que se afirmam como
alternativa ao PSD/CDS (o PS, a CDU, o BE, o PAN, o PCTP e o ‘Também és
Cascais’) deem prova da sua essência democrática, saibam dialogar entre si e
sirvam os legítimos interesses e aspirações de todos os cascaenses.
Há esperança. Há alternativas. É necessário votar. É possível
sair do carreiro!
3 comentários:
Como é do conhecimento geral, nunca votei no PS, mas reconheço, que o partido tem na suas fileiras, gentes democratas e patriótas, aqui esta uma prova disse...desejo os maiores sucessos à Drª Teresa Gago, uma democrática e patriota...
Na verdade parece-me que esta foi a primeira vez, pelo menos depois do Judas, em que os eleitos do PS chegaram todos ao fim do mandato sem que uma parte deles se passasse para o lado do PSD.
Mas se houve tanto entendimento das várias forças da oposição porque é que não apresentaram uma candidatura comum para derrotar o Carreiras ? Isso é que era preciso!
Caro Ayres Esteves, agradeço a confiança e comprometo-me a continuar a lutar e a intervir pela população de Cascais, sempre em defesa de um projecto alternativo a este PSD/CDS. Um projecto democrático, plural e participado.
Caro Luis Esteves Ribeiro, na vereação tudo fizemos para que os entendimentos que houve entre as oposições na Câmara se pudessem alargar à (minha) estrutura partidária. Porém, o PS decidiu prosseguir por outro rumo. Obrigada pela manifestação de apoio a uma oposição consolidada, franca e clara.
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